Clima atinge oferta e mantém frutas e hortaliças em alta

As frutas e hortaliças com maior saída nesta época do ano nas principais Ceasas do País, e que têm maior peso no cálculo do índice de a inflação oficial, o IPCA, ficaram mais caras em março e continuam nas alturas em abril, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Entre as frutas, sobem de forma mais expressiva o mamão e a banana, enquanto na cesta das hortaliças os destaques ascendentes são tomate e batata.

Joyce Rocha Fraga, gerente de Modernização do Mercado Hortigranjeiro da Conab, explicou que, diferentemente do que se imaginava, os preços desses itens ainda não começaram a recuar de forma significativa em abril porque a oferta ainda não se normalizou. “Um arrefecimento nos preços tende a acontecer somente em julho, quando o clima mais seco deverá favorecer a qualidade da produção”, disse.

No caso do tomate e da batata, há um agravante: a redução na área plantada nos últimos anos, que ajudou a alavancar os preços com mais força. Ambos subiram nas oito Ceasas pesquisadas pela Conab em março, em comparação com fevereiro.

Na Ceasa de Goiânia (GO), o tomate subiu quase 90%, enquanto em São Paulo (SP) a alta foi de 32%. “Os preços pouco atrativos em 2018 fizeram com que os produtores migrassem para outros cultivos, o que resultou em menos produto entrando no mercado”, afirmou Fraga.

No caso da batata, a maior alta no mês passado, de 30%, ocorreu na Ceasa de Belo Horizonte (MG). O produtor João Emílio Rocheto, do Grupo Rocheto, sediado no estado, disse que a combinação entre clima instável e redução de área levou os preços a um patamar que não era visto desde 2016. “Como a agricultura vive de ciclos, essas altas devem estimular uma nova aposta dos produtores na cultura depois de 2,5 anos de preços baixos. Isso aumenta a oferta, derruba os preços e assim vai”.

Entre as frutas, registraram aumento mais expressivo em março o mamão, a banana e a laranja. A escalada de dois dígitos, no caso do mamão, foi consequência da redução da oferta nas principais regiões produtoras (sul baiano, Espírito Santo e norte de Minas Gerais) em razão do excesso de chuvas e das altas temperaturas, em meio à manutenção na demanda.

O mamão formosa chegou a se valorizar mais do que o papaya, segundo a Conab, por causa da qualidade do produto. A safra de formosa foi menos prejudicada por problemas nas lavouras, que desencadearam o aparecimento de manchas e fungos nas frutas.

A banana também teve altas de preços em todas as Ceasas do país em março, com destaques para a da capital paulista (31,2%) e a de Belo Horizonte (22,8%). De acordo com o analista de mercado Rodolfo Hackmann, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a guinada da banana nanica foi resultado da antecipação da colheita em janeiro no Vale do Ribeira (SP) e em Santa Catarina e da redução da produção em fevereiro, após vendavais derrubarem várias plantas no campo. Para Hackmann, a normalização da oferta deverá vir em maio.

Apenas a maçã e melancia, que são frutas da época, registraram queda de preços no mês passado. O clima mais ameno colaborou para reduzir a procura pela melancia e dar refresco aos preços, mas ela ficou ainda mais barata depois da chegada ao mercado da safrinha paulista e da grande oferta fornecida pelo município de Teixeira de Freitas (BA).

 

Valor Econômico

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