Chuvas no Peru favorecem exportação brasileira de manga

As chuvas acima da média no Peru, logo após o período em que a safra 2016/17 de manga sofreu com a seca ao longo do desenvolvimento dos frutos, abriram espaço para o aumento das exportações brasileiras da fruta este ano. No primeiro trimestre, o volume exportado pelo Brasil atingiu 24.450 toneladas – crescimento de quase 26% em relação as 19.430 toneladas do mesmo período de 2016 e o melhor resultado para o período em mais de uma década. Tanto o Brasil quanto o Peru são importantes exportadores da fruta no mercado mundial.

Segundo o USDA, cerca de sete mil quilômetros de estradas e 5.700 quilômetros de canais de irrigação foram atingidos pelas chuvas no Peru. “Para além das perdas em terras, animais e investimentos, qualquer avaliação do alcance total dos danos terá de incluir a redução do rendimento das culturas devido ao calor excessivo, doenças causadas por fungos, aumento dos custos de transporte, custos financeiros da renegociação de financiamentos e a queda na produtividade dos trabalhadores devido a doenças ou a perda de suas casas”, avalia o USDA, em nota.

Normalmente, na janela março-abril, a oferta de manga no mercado mundial é basicamente do Peru e do Brasil, sendo que a safra está na fase final no Peru, afirma Paulo Dantas, produtor do Vale do São Francisco e grande exportador da fruta. Com as fortes chuvas no Peru, que provocaram o rompimento de estradas, o país finalizou mais cedo a sua safra, e o Brasil ficou sozinho no mercado, que está “louco por manga” e tem preços altíssimos, disse Dantas.

O Vale do São Francisco concentra 70% da produção nacional de manga, estimada em 976.800 toneladas em 2015, e exporta 22% da fruta colhida. As expectativas para este ano, com os problemas climáticos enfrentados no Peru, é de um aumento de pelo menos 10% nas exportações brasileiras até o fim deste ano, avalia Tassio Lustoza, gerente executivo da Valexport, que representa produtores da região do Vale do São Francisco.

“O Peru é um competidor muito importante, principalmente em alguns mercados, como o europeu, que é o nosso principal destino, e os EUA”, disse Lustoza, acrescentando que “se tudo isso se confirmar, com certeza nossa exportação deve ter um crescimento maior”.

 

 

Com a alta expressiva nas exportações do país, a participação da manga nas cargas movimentadas no porto de Salvador aumentou 153%, segundo a Tecon, empresa que administra o terminal. Patrícia Iglesias, diretora comercial da Tecon, explica que o aumento de 500 contêineres foi fundamental para o aumento de 9% registrado nas movimentações do terminal no início deste ano. “Se não fosse o avanço nas exportações de manga, sem dúvida o resultado seria menor”.

As exportações brasileiras se concentram no segundo semestre, quando a produção nacional é maior. Diante do atual cenário, as expectativas são de preços firmes no mercado internacional, com a demanda externa forte mesmo no segundo semestre.

Segundo Dantas, a expectativa é que a produção do Peru no próximo semestre atrase de 15 a 20 dias e só chegue em janeiro ao mercado europeu. “As exportações foram benéficas para os preços também. A oferta está sendo baixa e, se não fosse o mercado externo, talvez os preços não teriam sido tão bons nesses últimos meses”, disse o analista de mercado do Cepea, Rogério Bosqueiro.

O valor médio da variedade Tommy no Vale do Francisco no primeiro trimestre ficou em R$ 1,454 o quilo, com queda de 30,3% em relação a igual período de 2016, mas com avanço de quase 40% em relação ao registrado em 2015. Segundo Bosqueiro, os preços de 2016 foram os maiores já registrados pelo Cepea devido a episódios de geada em São Paulo, o que também explica a colheita tardia da fruta na região na atual temporada, coincidindo com a oferta do Vale do São Francisco.

Nas próximas semanas, a entrada da safra de manga da Costa do Marfim no mercado deve reduzir as exportações brasileiras, estima o analista. Assim, os preços da fruta devem ficar mais dependentes do mercado doméstico, opinião compartilhada pelo produtor Dantas.

 

Fonte: Valor Econômico

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