China reduzirá importação de soja dos EUA após atrasos e Brasil ganha espaço

O volume de soja importada pela China dos Estados Unidos em 2021/22 deve cair drasticamente em relação à temporada passada, depois de atrasos no embarque em função do furacão Ida.

Uma safra de soja do Brasil com maiores volumes estimados para o início de 2022 também encurtou a janela de exportação dos EUA para a China.

As importações totais de soja norte-americana pela China para o ano comercial que começou em 1º de setembro podem cair pelo menos 20%, para menos de 30 milhões de toneladas, segundo analistas e importantes importadores.

Janela

Os agricultores dos EUA acabam de colher sua segunda maior safra de soja da história e, normalmente, exportam cerca de 45% a 50% da produção anual. Mais da metade dessas vendas tende a ir para a China, que por sua vez faz cerca de 70% de seus negócios com soja nos EUA durante a janela pós-colheita de setembro a dezembro.

Mas este ano, as consequências do furacão Ida, que prejudicou o carregamento da safra nos principais portos dos EUA por vários dias em setembro, resultaram em uma queda de 81% nos embarques para a China naquele mês em relação ao ano anterior, segundo dados do USDA.

Além disso, os principais impulsionadores da demanda de soja da China – margens de esmagamento e produção de suínos, atingiram um ponto fraco durante a janela de pico da colheita nos EUA, reduzindo o apetite da China por suprimentos dos EUA.

Cenário

Os carregamentos dos EUA aumentaram drasticamente em outubro para mais de dez milhões de toneladas, segundo dados da Refinitiv, mas agora enfrentam a perspectiva de um início mais cedo do que o normal para a temporada de exportação de 2022 do Brasil, maior produtor mundial de soja.

“A safra de exportação dos EUA (soja) teve um início ruim este ano. As margens de esmagamento eram baixas e a demanda não era boa naquela época”, disse Bai Jie, analista da Cofco. “Em seguida, houve o impacto do furacão Ida. E parte do mercado dos EUA foi espremida pelos grãos brasileiros”, afirmou Bai.

Desvantagem

Os embarques de soja dos EUA para a China em 2020/21 foram os maiores desde a temporada 2016/17, graças, em parte, ao início atrasado da temporada de exportação do Brasil de 2021, que ajudou a ampliar as vendas nos EUA.

“O grão americano não terá essa oportunidade nos próximos meses, já que o plantio do grão brasileiro está rápido este ano, o que significa que haverá um grande embarque de grãos para a China no primeiro trimestre de 2022”, disse Zou Honglin, analista da divisão de agricultura da Mysteel, uma consultoria de commodities com base na China.

A soja dos EUA também enfrentou ventos contrários de preços, com ofertas de exportação sendo negociadas bem próximas das do Brasil, onde os custos de frete para a China são mais baixos. Além disso, a soja brasileira oferece melhores margens de esmagamento para os processadores de soja chineses, graças aos níveis de proteína mais elevados na soja brasileira, em média.

Margens

As margens para a soja norte-americana enviada do noroeste Pacífico para entrega em fevereiro estão em cerca de 500 yuans (US$ 78,49) a tonelada, em comparação com 684 yuans para o grão brasileiro, segundo a Mysteel. “Os grãos brasileiros estão um pouco mais baratos e o preço reina”, afirmou um trader asiático.

Ofertas

Os importadores de soja chineses quase concluíram as compras de dezembro e agora estão atendendo às necessidades de janeiro e fevereiro, no momento em que a temporada de exportação brasileira aumenta, de acordo com um exportador dos EUA.

“Os embarques de soja em janeiro da Costa do Golfo foram oferecidos em torno de US$ 500,00 por tonelada FOB no final do mês passado, com um adicional de US$ 78,00 ou US$ 80,00 por tonelada para frete para a China. A soja brasileira está em torno de US$ 520,00 por tonelada FOB, com frete em torno de US$ 60,00 por tonelada”, disse o exportador.

“Tem sido um pouco decepcionante do ponto de vista dos EUA. O Brasil está entrando em nossa janela de exportação um pouco mais a cada ano. Nossa janela está fechando.”

Embarques brasileiros

As chegadas de soja na China em novembro-dezembro serão principalmente carregamentos dos EUA, mas os embarques brasileiros devem aumentar drasticamente durante janeiro-março, para mais de seis milhões de toneladas, segundo Zou, da Mysteel.

Isso representaria um aumento de mais de quatro vezes em relação as 1.35 milhão de toneladas durante o primeiro trimestre de 2021.

Compradores

Com a expectativa de que a China responda por quase 60% de todas as importações de soja nesta temporada, os exportadores dos EUA não conseguirão encontrar um único grande comprador para substituí-la.

Europa, México, Argentina, Egito e Tailândia são os próximos cinco maiores importadores, segundo o USDA, mas compram juntos apenas um terço do total da China.

 

 

Fonte: Reuters

Equipe SNA

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