China é principal parceiro de Minas Gerais

A China é, hoje, o principal parceiro comercial do agronegócio de Minas Gerais, respondendo por 12% dos embarques. De acordo com os dados divulgados pela SEAPA (Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento), as exportações para o país asiático, ao longo do primeiro trimestre, aumentaram 20,8% em faturamento, em relação a igual período do ano anterior, somando US$ 194.5 milhões. Mantendo a mesma base de comparação, em volume, as compras do mercado chinês saltaram de 390.800 toneladas para 497.300 toneladas, crescimento de 27,2%.

O crescimento no faturamento não foi maior devido à redução do preço médio da tonelada das principais commodities agrícolas no mercado mundial. No período, o preço médio da tonelada de produtos agropecuários recuou 5%.

Segundo o superintendente de Política e Economia Agrícola da SEAPA, João Ricardo Albanez, o mercado chinês, assim como dos demais países asiáticos, é bem promissor, devido ao crescimento da população, que deve manter a demanda pelos produtos do agronegócio em alta.

“Observamos que as exportações no primeiro trimestre para a China cresceram significativamente e a perspectiva em relação ao mercado chinês é extremamente favorável. Ainda poderemos crescer nos embarques do complexo soja, item que vem consolidando a cada ano, e em outros importantes setores como os produtos florestais, o setor sucroalcooleiro, carnes e até mesmo o café”, disse Albanez.

Os embarques em alta, mesmo em um ano em que a expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) da China é menor e a renda populacional foi reduzida, se deve ao setor alimentício ser um dos últimos a sentirem os reflexos de uma economia não mais tão pujante como em anos anteriores. Vale destacar que somente no primeiro trimestre de 2016, a economia da China cresceu 6,7% em relação ao mesmo período de 2015, a menor taxa de crescimento registrada desde 2009. A estimativa é que o PIB cresça entre 6,5% e 7% em 2016.

“Mesmo com expectativa do PIB crescendo menos, a interferência negativa na demanda por alimentos não é tão impactante quanto em outros setores não alimentícios, como nos minerais, por exemplo. Observamos que o crescimento da demanda pelos produtos do agronegócio é contínua, pois a população é crescente e necessita de alimentação, apesar da redução do poder aquisitivo. A tendência é de crescimento da demanda e também do leque de produtos”.

Ainda segundo Albanez, em 2015, as negociações com a China somaram US$ 900 milhões. Apesar de menor 6,5% que em 2014, o país continuou a ser o maior comprador do agronegócio mineiro, respondendo por 12,6% dos embarques totais e seguido pelos Estados Unidos, 11,7%, Alemanha, 11,7%, Itália, 6,8% e Japão 6%.

Soja, carne, ração e café são destaques

Entre os produtos do agronegócio que Minas exporta para a China, um destaque é o complexo soja. Em 2015, o país asiático adquiriu 67,8% dos US$ 862 milhões movimentados com as exportações, sendo o principal comprador.

No primeiro trimestre de 2016 foram movimentados US$ 110 milhões com as exportações do setor para a China e exportadas 320.200 toneladas do produto. Mesmo com o faturamento e volume 37% e 28,57% respectivamente menores, a tendência é de recuperação dos valores, uma vez que a colheita da safra atual começou atrasada em relação ao ano passado.

Em 2015, as exportações de produtores florestais para a China ultrapassaram a Holanda, que era o principal cliente até então. Ao todo, a China foi responsável por 24,3% do faturamento total do setor, que ficou em US$ 525 milhões. Nos primeiros três meses do ano, o faturamento alcançou US$ 38 milhões, ficando estável ao registrado em igual período do ano passado. Em relação ao volume, foram exportadas 84.000 toneladas, aumento de 5%.

Os embarques de carnes vêm avançando significativamente. Somente no primeiro trimestre foi registrado faturamento de US$ 15.3 milhões, um crescimento de 2.960%, com o embarque de 4.800 toneladas, em relação ao volume de 469 toneladas destinadas ao mercado asiático em 2015. O incremento expressivo se deve, entre outros fatores, à reabertura do mercado chinês para a carne bovina brasileira, em maio de 2015.

Outro produto cuja demanda está maior é o café. Entre janeiro e março de 2016, os embarques do grão cresceram 185% em volume, que somou 654 toneladas. O faturamento, US$ 1.9 milhão, em decorrência da queda do preço da tonelada no mercado internacional, aumentou 5,44% no período. “Ainda que insipiente, as exportações de café estão em crescimento, impulsionada pela mudança dos hábitos dos jovens. O aumento das exportações de café é uma das nossas grandes expectativas”, disse Albanez.

Destaque também para as exportações de ração animal, que somaram US$ 355.700,00, com o embarque de 282 toneladas. Em igual período do ano passado, não foram efetuadas negociações do produto com a China. “Exportar ração animal é interessante para Minas Gerais, já que é um produto industrializado e de maior valor agregado”, disse Albanez.

No setor sucroalcooleiro, as exportações somaram US$ 25 milhões no primeiro trimestre, variação negativa de 19%. Em volume, as exportações somaram 87.000 toneladas, queda de 11%.

Dificuldade a itens de valor agregado do País

Tradicional importadora de commodities e principal destino das exportações agropecuárias brasileiras, a China tem dificultado a entrada de produtos de maior valor agregado produzidos no Brasil.

As informações fazem parte de um estudo da Superintendência de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (SRI/CNA), que mapeou, entre outros setores, aqueles em que o Brasil tem participação no mercado internacional, mas comércio nulo ou inexpressivo com a China. Em relação a estes mesmos segmentos, o país asiático importa volume expressivo do mundo. Nesta lista, estão produtos derivados do cacau, café, amendoim, oleaginosas e vegetais, que são os mais afetados pelas escaladas tarifárias.

Com o objetivo de proteger sua indústria doméstica, entre outros motivos, o país asiático tem utilizado escaladas tarifárias – diferença entre a taxação da matéria-prima e seus respectivos itens processados -, cada vez mais altas, afetando o comércio bilateral. Em alguns casos, a proporção desta escalada chega a 30% em relação ao insumo.

Os processados a partir do amendoim enfrentam as maiores escaladas, que chegam a 30%. Segundo o estudo, a matéria-prima é isenta de taxa, enquanto sob o amendoim preparado ou conservado incide uma alíquota de 30% para entrar na China.

Enquanto o país asiático importou US$ 2.16 bilhões no mercado internacional, não houve registro de compras provenientes do Brasil. No caso do café solúvel, a escalada tarifária chega a 22%. Os chineses têm aumentado o consumo de forma expressiva nos últimos anos, mas apenas 0,2% do volume importado por eles vêm do Brasil.

Em relação ao cacau, o grupo que inclui manteiga, gordura e óleo também tem sofrido com as altas tarifas de importação para, com escaladas tarifárias de 14%. O Brasil tem 2% de fatia no mercado internacional destes produtos. Entretanto, a China, apesar de ser responsável por 1,6% das compras mundiais, não tem qualquer volume adquirido pelo país asiático. “O fato de o Brasil não acessar o mercado chinês sugere que a escalada tarifária pode estar constituindo uma barreira proibitiva ao comércio brasileiro com o país asiático”, diz o estudo.

Quanto às oleaginosas, a China é o principal destino da soja em grão brasileira. Entretanto, o mesmo não se pode dizer sobre seus derivados processados. De acordo com a SRI, o Brasil é o segundo maior exportador mundial de óleo de soja, mas as alíquotas aplicadas para acesso ao mercado asiático têm sido uma barreira. A escalada, neste caso, é de 6 pontos percentuais, diferença entre 9% da taxa de importação para o produto industrializado e de 3% sobre a matéria-prima. Outros produtos, como óleo de algodão e pimentão e pimenta secos (não triturados nem em pó), têm de pagar taxas de 10% e 7%, respectivamente, para entrar em território chinês.

“É exatamente o comércio bilateral desses produtos beneficiados que mais é atingido pelas altas tarifas. A determinação das escaladas tarifárias aos produtos agropecuários brasileiros na China é uma importante ferramenta para detectar setores com potencial de comércio que têm sido prejudicados devido à existência de barreiras tarifárias, e viabilizar uma estratégia adequada para a negociação de possíveis acordos comerciais baseada na redução de tarifas”, conclui o estudo.

 

Fonte: Agrolink

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