China deverá receber volumes recordes de soja brasileira entre maio e julho

Com a pequena disponibilidade de produto no Brasil, a soja norte-americana passa a ser a mais acessível para a China neste momento. As expectativas são de que as compras da nação asiática aumentem nos EUA, não só pela menor oferta brasileira, mas também como forma de o país cumprir a Fase 1 do acordo comercial com os americanos.

A China ainda precisa comprar, segundo os analistas da Agrinvest Commodities, cerca de 43 milhões de toneladas entre agosto e o final de janeiro para estar abastecida adequadamente. “E boa parte desse volume deverá ser comprado nos EUA”, indicam os especialistas.

A soja é um dos principais itens das importações da China e, por isso, o componente que tem maior peso na composição de suas compras. Porém, de acordo com a Agrinvest, essas compras poderiam enfrentar alguns obstáculos até que voltem a volumes pré-guerra comercial.

“Em 2017, as importações somaram US$ 12 bilhões, mas a pressão sobre as margens de processamento na China pode ser uma barreira para o cumprimento do seu compromisso”, destaca a Agrinvest. “E em um cenário otimista, a China poderia comprar 40 milhões de toneladas de soja norte-americana até janeiro. O montante somaria apenas US$ 14 bilhões”.

Margens de esmagamento

A gradual volta da China à normalidade depois do pico da epidemia do Coronavírus no país traz ainda ao normal alguns segmentos importantes da economia, incluindo a agroindústria. Embora este setor não tenha sido paralisado, vinha trabalhando com limitações diante de uma demanda que também estava limitada.

Assim, não só a produção de alimentos volta com força total, como o governo chinês já pediu às empresas de alimentos que elevem seus estoques como medida de segurança, também temendo uma nova onda da doença.

“Tradings estatais e privadas de grãos, assim como produtores de alimentos, foram orientados a adquirir maiores volumes de soja, óleo de soja e milho durante conversas com o Ministério do Comércio da China nos últimos dias”, informa a Agrinvest.

Dessa forma, deverão aumentar também os estoques de farelo e óleo de soja no país. E parte disso é reflexo ainda do grande volume de soja brasileira a ser recebida pelos chineses em maio. “A China deverá receber 27 milhões de toneladas em maio, junho e julho, reforçando o sentimento de pressão sobre as margens”, segundo análise da consultoria.

Das mais de 43 milhões de toneladas de soja embarcadas pelo Brasil de janeiro a abril, cerca de 80% do volume teve como destino a nação asiática. No primeiro quadrimestre de 2019, o volume embarcado passava pouco de milhões, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Normalidade x demanda

Um levantamento feito pela Bloomberg  mostra que, aos poucos, é possível observar mais pessoas nas ruas da China, com os estudantes voltando às aulas e as famílias em restaurantes, jantando fora. E segundo o analista chefe da Shangai Intelligence Co., Li Qiang, a volta das escolas e dos restaurantes é a chave para o restabelecimento da demanda, por exemplo, de carne de frango e ovos.

Com o fechamento dos estabelecimentos e as pessoas confinadas em casa, os preços da carne suína, a mais consumida do país, caíram para os menores preços em mais de três meses e provocou severa pressão sobre o mercado futuro de ovos na Bolsa de Dalian.

Segundo o Conselho Nacional de Grãos e Óleos da China, o recebimento de soja brasileira na nação asiática deverá alcançar o recorde das dez milhões de toneladas em maio, podendo ficar próximo a esse número nos meses de junho e julho.

Ainda de acordo com a instituição, a força deste movimento vem, principalmente, da recuperação de seus planteis de suínos após os picos de Peste Suína Africana.

 

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