China deve diminuir importações de carne bovina no primeiro semestre, mas estimativa é de recuperação posterior

As importações de carne bovina da China devem recuar no primeiro semestre de 2020 em decorrência da epidemia do Coronavírus, segundo relatório do Rabobank. No entanto, o gigante asiático deverá voltar a importar rapidamente no segundo semestre e, com isso, aumentar o volume importado em 2020 em relação a 2019.

A primeira metade do ano deve ser lenta porque na China, com o avanço do novo vírus, os estoques que o país acumulou para o ano novo lunar não foram usados, já que boa parte do consumo chinês diminuiu e muitos restaurantes fecharam.

Segundo o Rabobank, é possível que algumas empresas do ramo de alimentação e de turismo continuem com atividades interrompidas até abril ou maio. Além disso, indica o banco, muitos importadores estão com pouco capital disponível em decorrência da queda de preços no fim do ano passado e do volume parado em portos.

A expectativa anterior era que, com a assinatura da fase 1 do acordo comercial com os Estados Unidos, o gigante asiático importasse mais carne bovina norte-americana. Porém, o vírus coloca essa possibilidade em dúvida, já que “a carne bovina dos EUA, mais cara, geralmente é mais adequada para mercados de alta renda, que diminuem com uma economia em desaceleração”.

O Rabobank também espera que a produção interna de carne bovina na China caia em 2020, “como resultado de crescimento econômico e de renda mais lento, que vai restringir o poder de compra do consumidor”.

Mercado brasileiro

Para o Brasil, o banco indica que o momento é de reequilíbrio entre oferta e demanda, já que preços caíram em janeiro após atingirem níveis recordes no fim de 2019.

Pelo lado da oferta, os preços do gado caíram 9,8% em janeiro de 2020 na comparação com o mês anterior, mas continuam 27% mais altos do que em janeiro do ano passado. As chuvas são benéficas para o pasto e estimulam a retenção dos animais por parte do produtor.

“Com o consumo doméstico ainda fraco e a China reduzindo compras em decorrência do Coronavírus, frigoríficos não estão dispostos a pagar preços mais altos para adquirir volumes maiores”, indica o relatório do Rabobank.

Além disso, os preços dos grãos estão mais altos no País, e devem ficar assim pelo menos até o fim do primeiro semestre. À medida que meses mais secos se aproximam, a expectativa é de maior oferta de gado.

Com relação a demanda, as exportações brasileiras de carne bovina caíram em janeiro na comparação com dezembro, porém, o último mês de 2019 foi o melhor da série histórica e a queda sazonal da demanda nos meses de janeiro é natural.

O banco espera que a demanda chinesa retorne ainda este ano. Já a expectativa para o consumo doméstico no País é de crescimento com o fim das férias escolares.

EUA

Nos Estados Unidos, o Rabobank destaca que o rebanho parou de crescer. A produção do país deve registrar leve aumento este ano na comparação com o anterior, e o volume adicional deve ser absorvido por exportações. Já os preços devem continuar voláteis, porém mais altos do que no ano passado.

A expectativa do banco também é de queda da produção na Europa. O recuo em 2020 em relação a 2019 deve ser de 1%. Já as exportações podem registrar modesto crescimento, uma vez que o consumo interno também vem caindo. Para a Austrália, a perspectiva é de queda nas exportações e nos preços, com a menor demanda da China.

O levantamento do Rabobank para o preço do gado em sete grandes países produtores mostrou recuo em janeiro, influenciado, principalmente, por Brasil e Nova Zelândia, após forte alta no fim de 2019.

 

Broadcast Agro/Valor Econômico

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