China bloqueia novas compras de soja nos EUA e amplia vantagem do Brasil

A guerra comercial entre China e Estados Unidos continua e o novo movimento foi feito pela nação asiática que suspendeu novas compras de soja no mercado norte-americano. Segundo fontes familiarizadas com o assunto e que deram entrevista à Bloomberg, a medida foi adotada na medida em que as tensões entre os dois países se intensifica.

Com chineses e americanos ainda em desacordo, os compradores da China interromperam as ordens de aquisição de soja dos EUA e a retomada das operações não está prevista até que seja firmado um acordo entre os dois.

A disputa já dura mais de um ano e esse tem sido um dos principais fatores de atenção do mercado, não só da oleaginosa mas das commodities de uma forma geral, além de causar um impacto severo sobre o mercado financeiro e de promover uma tensão cada vez maior sobre o crescimento da economia mundial.

No início de maio, os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago registraram as mínimas em dez anos diante de um acirramento da guerra comercial e de uma demanda quase nula da China pela soja dos EUA. A recuperação se deu em função das adversidades climáticas que atrasam severamente o plantio da safra 2019/20.

Com as últimas atitudes, a China estaria agora somente embarcando alguns volumes de soja já adquiridos. Faltariam cerca de pouco mais de sete milhões de toneladas, segundo o diretor do SIMConsult, Liones Severo. “É somente isso que está acontecendo”, disse.

Representantes das estatais Cofco e Sinograin ainda não se manifestaram. E a notícia da Bloomberg afirma também que a China não pretende cancelar as compras já feitas anteriormente.

Em meio à disputa, o governo Donald Trump anunciou um novo pacote de ajuda aos produtores americanos da ordem de US$ 16 bilhões, com US$ 14.5 bilhões em pagamentos diretos. Mais detalhes, como o valor pago a cada cultura, ainda não foram divulgados.

Para o Brasil

Para o Brasil, a notícia, que já é conhecida, acaba sendo positiva, uma vez que a demanda pela soja nacional segue aquecida. O foco do maior comprador mundial está concentrado sobre a América do Sul, em especial o Brasil. Tal movimento, inclusive, já promoveu uma escalada dos prêmios no mercado brasileiro nas últimas semanas.

Com a forte procura dos compradores pela soja brasileira e os produtores reticentes em efetivar novas vendas, os valores dos prêmios seguem acima de US$ 1,00 sobre as cotações na Bolsa de Chicago. Entre os vendedores, os prêmios pedidos variam entre US$ 1,40 e US$ 1,70, principalmente nas posições um pouco mais distantes.

“O mercado comprador joga um bônus um pouquinho maior para tentar trazer lotes, já que o mercado vendedor está bem resistente, sem querer fazer novas vendas. O mercado está segurando tanto que da safra 2020 no Rio Grande do Sul foi comercializada somente algo entre 4,5% e 5%, contra cerca de 15% de anos anteriores”, disse a diretora da De Baco Corretora, Rita De Baco.

Somente nas primeiras três semanas de maio, as exportações de soja do Brasil somam 8.2 milhões de toneladas, segundo números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). “E temos fôlego para chegar as 10.5 milhões de toneladas no fechamento do mês”, acredita o consultor Vlamir Brandalizze.

No acumulado do ano, as vendas brasileiras já somam 35.5 milhões de toneladas, contra pouco mais de 32 milhões de 2018, neste mesmo período, e a China responde ainda por 70% do total exportado pelo Brasil.

É importante salientar que, segundo números dos USDA, as exportações de soja dos EUA no ano comercial iniciado em 1º de setembro de 2018, até o dia 23 de maio, totalizavam 33.698.213 toneladas.

“O ritmo forte dos embarques da soja do Brasil dá sinais que à frente pode ter pouco para ser negociado e abrir espaço às importações para cobrir a demanda interna”, afirmou Brandalizze.

 

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