O bioma Cerrado tem 204 milhões de hectares, dos quais 103 milhões (50,5%) são cobertos com vegetação nativa. O estoque de terras com alta aptidão para a expansão da produção de grãos e outros alimentos no bioma Cerrado é de 25.36 milhões de hectares. Essas áreas antropizadas, cujas características originais de solo, vegetação, relevo e regime hídrico foram alterados em consequência de atividade humana, correspondem a 22.5 milhões de hectares nos estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rondônia, ou seja, fora da região conhecida como MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Nesses estados, as áreas antropizadas com alta aptidão agrícola e sem restrição de declividade e altitude correspondem apenas a 2.81 milhões de hectares.
Essa constatação é uma das principais contribuições do estudo “Análise geoespacial da dinâmica das culturas anuais no bioma Cerrado”, elaborado pela empresa Agrosatélite com o patrocínio da Gordon and Betty Moore Foundation, dos Estados Unidos.
O estudo, para o qual foram analisadas 2.500 imagens de satélites com o escopo de identificar e mapear as mudanças de uso e cobertura da terra causada pela expansão do cultivo de soja, milho e algodão, entre 2000 e 2014, traz informações relevantes para a formulação de políticas públicas, marcos regulatórios, desenvolvimento sustentável da região e, principalmente, para os setores produtivos e preservacionistas.
Os 25.36 milhões de hectares de áreas com alta aptidão para a expansão da produção agrícola, hoje ocupados principalmente com pastagens, cana e eucalipto, não têm restrições de declividade e altitude. Entre 2000 e 2014, mais de 5.6 milhões de hectares de pastagens foram convertidas em culturas anuais, com forte destaque para a soja.
O estudo, coordenado por Bernardo Rudorff, diretor da Agrosatélite, destaca que “a área antropizada com alta aptidão para grãos no bioma Cerrado é muito relevante no processo de expansão sustentável da agricultura brasileira, visto que o bioma Mata Atlântica já tem seu potencial de expansão quase esgotado e no bioma Amazônia, existem restrições para expansão da agricultura por conta da Moratória da Soja e de outras medidas de contenção do desmatamento”.
De acordo com Rudorff, “dá para mais do que dobrar a produção de soja no Cerrado”, considerando que esse grão pode ocupar áreas hoje plantadas com pastagens cana, ou eucalipto.
A investigação revela, entre outros resultados, que a soja ocupa menos de 8% da área do Cerrado e que esse bioma foi responsável por 51,9% (15.66 milhões de hectares) da área de soja cultivada no Brasil na safra 2013/2014.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa indústrias processadoras de soja, defende que é possível conciliar a produção de alimentos com a conservação dos recursos naturais brasileiros. A boa notícia do estudo é que a produção de soja no Brasil, hoje em 32 milhões de hectares, ainda pode se expandir em áreas já abertas do Cerrado, sem a necessidade de novos desmatamentos.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Abiove