O mês de março registrou altas cotações para o milho no mercado brasileiro, inclusive atingindo preços recordes no final do mês. Porém, abril chegou e com ele a tendência se tornou de baixa, com o indicador Cepea, por exemplo, caindo mais de 13% até o momento.
Segundo o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Lucílio Alves, esse movimento intenso de queda acontece principalmente em regiões como São Paulo e a praça de Campinas, enquanto a estabilidade ainda segue no porto de Paranaguá (com a saca na casa dos R$ 44,00) e no Nordeste (ainda cotada a R$ 60,00). Já na região Sul os preços também caíram, mas não para esses patamares.
Para o analista, a oferta de milho aumentou com a colheita da safra verão e com a disponibilização de volumes do cereal por parte de algumas usinas de etanol do Centro-Oeste, o que, aliado às quedas no mercado internacional, contribuíram para a queda nos preços no país.
Mas o principal fator que mexe com o mercado neste momento é a incerteza com relação ao tamanho da demanda no Brasil, em especial para o setor de carnes que consome ração à base de milho.
Alves destaca que o avanço do Coronavírus deixa a dúvida sobre como a demanda interna por carnes e as exportações brasileiras vão se comportar daqui em diante, já que o ritmo de algumas indústrias nacionais já está menor.
Neste momento, as cotações já ficaram naturalmente mais incertas, diante da definição do tamanho da produção da segunda safra, que representa 70% da oferta de milho no Brasil e isso deve impactar em um novo rumo para os preços no segundo semestre.
O pesquisador do Cepea alerta que o milho brasileiro continua mais competitivo internacionalmente do que concorrentes argentinos e ucranianos, e as exportações devem retomar a força na segunda metade do ano, contribuindo para diminuir a oferta interna e atuar no impulso das cotações.
Mesmo assim, os produtores precisam seguir atentos aos movimentos dos mercados que demandam milho como o de carnes e o de etanol, e aproveitar os bons momentos de vendas, quando for possível cobrir seus custos em bons parâmetros, sem esperar situações de preços exageradamente atrativos para fechar as vendas.
Acesse aqui, na íntegra, o vídeo com a entrevista do pesquisador do Cepea.
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