O clima tem sido um fator importante na oferta das hortaliças e frutas no início deste ano, mostra o 2º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quinta-feira (22).
Em janeiro, o movimento preponderante para cenoura, batata e alface foi de alta significativa nos preços, em comparação com dezembro/23. A cebola e o tomate registraram tendência de baixa nos preços.
A pesquisa da Conab considera as cinco hortaliças (batata, cenoura, cebola, tomate e alface) com maior representatividade na comercialização nas principais Ceasas do País e que registram maior destaque no cálculo do índice de inflação oficial (IPCA).
No caso da cenoura, as chuvas registradas em janeiro em importantes regiões produtoras prejudicaram a colheita, reduzindo os volumes da raiz disponíveis nas principais Centrais de Abastecimento (Ceasas) do País. Segundo o levantamento da Conab, os preços do produto no atacado mais que dobraram nas Ceasas de Goiânia, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A menor alta foi registrada em Brasília, onde ocorreu um aumento de 38,89%. Com isso, o percentual de alta da média ponderada da cenoura foi de 96,91%.
Alta também para a batata, que na média ponderada subiu 35,25%. Segundo o Boletim da Conab, o abastecimento do tubérculo está concentrado na safra das águas, que não tem sustentado os níveis de oferta. “As chuvas sobre as principais regiões produtoras ocasionaram o atraso do plantio, causaram impacto nos envios aos mercados em janeiro”, informou a Conab.
Já para a alface não foi registrado um movimento uniforme no comportamento dos preços nas Ceasas analisadas. Ainda assim, a média ponderada teve uma leve alta de 6,28%.
Em contrapartida aos aumentos ocorridos, a cebola e o tomate registraram queda nos preços em janeiro. No caso da cebola, ocorreu a reversão do movimento de alta que vinha ocorrendo no mercado. “Após outubro, o preço (da cebola) voltou a subir, quando a oferta não sustentou o preço em queda. Esse movimento se manteve até dezembro, mês em que a cebola do Sul do País começa a ser predominante no mercado. Em janeiro, a cebola da região Sul participa com quase 80% do abastecimento”, informou a Conab.
Já no caso do tomate, a queda nas cotações é explicada pelo aumento na oferta. Os envios de São Paulo, por exemplo, registraram um aumento de quase 50%. “Mas, esse cenário pode não se repetir em fevereiro. No início deste mês, os preços voltaram a aumentar, muito provavelmente pela reduzida disponibilidade de tomate em ponto de colheita”, indicou a Conab.
Frutas
Dentre as frutas, a maior alta nos preços foi da banana. Na média ponderada o aumento foi de 13,84%, sendo em Brasília e no Rio de Janeiro as Ceasas que registraram os maiores acréscimos nos índices porcentuais, 33,65% e 26,09% respectivamente. A alta das cotações é explicada, principalmente, pela entressafra da produção da variedade Prata na Bahia e no Norte de Minas Gerais, principais fornecedores dos mercados atacadistas.
A laranja também ficou mais cara. Os altos preços se deveram à oferta restrita para o varejo e à forte demanda tanto da indústria quanto do atacado. “A procura internacional pelo suco se mantém aquecida. Além disso, vale lembrar que as três safras anteriores foram menores, o que possibilita que os estoques das frutas permaneçam baixos. Esse cenário contribui para que haja pressão de alta nos preços”, indicou em nota a Gerente de Produtos Hortigranjeiros da Conab, Juliana Torres.
Com relação ao mercado da maçã, ocorreram pequenas altas na maioria das Ceasas. Esse aumento se justifica por causa da baixa oferta. No entanto, a menor demanda, resistente aos preços elevados já praticados, ajudou a frear a alta.
Em compensação, o mamão e a melancia ficaram mais baratos em janeiro. Segundo a Conab, houve um aumento na oferta tanto para o mamão Papaia quanto para o Formosa, o que influencia nos menores preços. O calor nas principais regiões produtoras acelerou o amadurecimento, e muitas frutas tiveram que ser colhidas muito pequenas. Além da maior quantidade ofertada nos mercados, a demanda foi baixa, outro fator de pressão de queda nas cotações.
Já na melancia, a queda nos preços é explicada, principalmente, pela menor demanda verificada na região Centro-Sul do País, em virtude do tempo chuvoso e da menor qualidade de alguns carregamentos de melancia originários de praças gaúchas e paulistas.