A soja se destaca dentre as principais commodities mundiais pela sua versatilidade e inúmeras possibilidades de aplicação como nas indústrias farmacêutica, de alimentos, cosméticos e ainda na fabricação de biodiesel, espumas de colchão e até mesmo na construção civil com as “casas de soja”.
Casas de soja
Com início em 2017, o projeto das “casas de soja” foi desenvolvido pela empresa brasileira EDB Polióis Vegetais, em Curitiba (PR), que utiliza a oleaginosa como matéria-prima para produzir poliuretano (PU) vegetal, em substituição ao poliuretano de base petroquímica, tradicionalmente utilizado na construção civil.
Esta tecnologia é utilizada quase que integralmente no processo de construção destas residências, uma vez que apenas o piso é convencional. De acordo com Ricardo de Sousa, diretor executivo da EDB Polióis Vegetais, trata-se de uma revolução na construção de PU.
“Garantimos um produto final de extrema qualidade e resistência com redução de custos e de tempo de obra, priorizando sempre a responsabilidade ambiental. São utilizadas placas de poliuretano vegetal para o fechamento de paredes e temos estruturas para levantar desde moradias simples até grandes prédios ou demais modelos de edificação. Dispomos ainda de monobloco feito também com o subproduto da soja que torna a casa resistente a ventos de até 250 km por hora”.
Agronegócio e o meio ambiente
As principais vantagens desta inovação referem-se à área ambiental, segundo Ricardo de Sousa. “Enquanto a construção convencional emite uma grande quantidade de CO², nosso material, com base vegetal, absorve o dióxido de carbono do meio ambiente”.
“Também desenvolvemos meios de reaproveitar e reutilizar os resíduos que ficam nas nossas obras em outros serviços ou mesmo na produção de novos materiais. Estamos falando em bioeconomia, economia circular e uma série de vantagens neste processo”, enfatizou o diretor executivo da EDB.
Agilidade
Com o uso desta tecnologia, uma casa básica de 45 m² pode ser construída em apenas três dias com a mão-de-obra de cinco pessoas, em média. Há uma economia expressiva no tempo de execução da obra.
Estabilidade de calor
Em decorrência do material utilizado nestas habitações, pode-se observar em sua parte interna uma estabilidade de temperatura. “Em situações de muito calor, a casa se mantém mais fresca e quando o tempo está muito frio, ela preserva a temperatura mais elevada, tornando-a mais aconchegante em qualquer estação do ano”, reforçou o representante da Polióis Vegetais.
Social
Para Cesar Borges, presidente do Instituto Soja Livre e da Rede Soja Sustentável, as “Casas de Soja” são uma alternativa sustentável aos materiais de construção tradicionais e ainda oferecem benefícios econômicos e sociais. “Ao incentivar o uso de produtos agrícolas locais na construção civil, essa iniciativa promove o desenvolvimento rural e gera oportunidades de emprego e renda para comunidades agrícolas”.
Custos
“Nossas casas são competitivas com o preço convencional; ou seja, com o que existe hoje no mercado de construção. Porém, vejo muitos pontos positivos ao optar pelas “casas de soja”, principalmente na questão da pegada do carbono. Isso pode trazer facilidades na questão de financiamento, do acesso ao crédito. Muitos países já estão bastante avançados na oferta de vantagens para quem decide por este tipo de construção que prioriza a sustentabilidade”, explicou Ricardo.
Parcerias
No início do negócio, o apoio foi da Weber Consultoria Engenharia Ambiental, que trabalha com produtos ambientais de excelência no âmbito de tratamento e reuso de resíduos industriais.
Outra parceira de peso é a Eco-habitat (Flórida) que tem um foco em tecnologia. A empresa está ligada também à Universidade de Miami e tem bastante acesso à construção civil nos Estados Unidos. “A gente tem feito um trabalho de cooperação muito forte com eles também para internacionalizar nossos materiais. Percebemos o mercado bastante interessado no que desenvolvemos”, finalizou Ricardo de Sousa.
Por Larissa Machado