Após deixar de ser o primeiro do mundo em exportações de carne bovina, o Brasil “corre atrás do prejuízo” com o intuito de fortalecer o mercado pecuarista e retomar, assim, a liderança no comércio exterior. Para tanto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tem se mostrado aberto a novas negociações, como é o caso recente da Arábia Saudita. Outras nações – como Bahrein, Catar, Kuwait e Omã – já sinalizaram as mesmas intenções: reabrir o mercado para a bovinocultura brasileira.
A Arábia Saudita enviou recentemente uma equipe da Missão Veterinária da Saudi Food and Drug Authority (SFDA), que visitou três Estados brasileiros, após reunião com o Mapa: Mato Grosso, Pará e Pernambuco. Eles também pretendem abrir mais mercado para a carne de aves, com a habilitação de novas plantas frigoríficas.
De acordo com o Mapa, em 2014 as negociações que envolviam a carne de frango, entre as duas nações, superou a marca de US$ 1 bilhão. O Brasil é a origem de 75% das importações de frango daquele país.
“É nosso maior mercado e, em volume total, é o que apresentou maior crescimento em maio”, destaca o presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
Segundo ele, a missão teve dois objetivos: habilitar novas plantas e revalidar as que estão atualmente habilitadas, por meio da verificação do sistema.
“A Arábia Saudita é o maior e mais longevo parceiro comercial dos exportadores de carne de frango brasileira. Nossa expectativa, com a possibilidade da habilitação de novas plantas, é de oportunizar ainda mais negócios para os produtores de frango halal made in Brazil”, destaca o presidente da ABPA.
Conforme explica a entidade, halal é uma palavra árabe que significa legal, permitido. Todos os alimentos são considerados do gênero, exceto: carne de porco e seus derivados; animais abatidos de forma imprópria ou mortos antes do abate; animais abatidos em nome de outros que não sejam Alá; sangue e produtos feitos com sangue; álcool e produtos que causem embriaguez ou intoxicação; e produtos contaminados com algum dos produtos acima.
BOVINOS
O Ministério da Agricultura destaca que o Brasil exportou 33 mil toneladas de carne bovina para os mercados da região do Golfo Pérsico, onde fica a Arábia Saudita, em 2012, antes do embargo. A quantidade, na época, superou a marca dos US$ 200 milhões.
Com a possibilidade da reabertura do mercado, espera-se que as vendas variem entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões. Há três anos, os sauditas suspenderam a compra de carne bovina in natura, enlatados e derivados, por causa de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), popularmente conhecida como doença da vaca louca.
Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, a expectativa do setor de carne bovina continua positiva para uma recuperação no segundo semestre.
“Já registramos um leve aumento agora em maio nas exportações. Nossa perspectiva continua positiva para o segundo semestre, quando teremos definitivamente a volta dos embarques para outros países, como a Arábia Saudita”, destaca Camardelli, lembrando que, em maio, foi assinado o protocolo sanitário entre Brasil e China, que vai permitir o retorno dos embarques de carne bovina brasileira para o país asiático.
PERSPECTIVAS
“As perspectivas para a carne bovina brasileira em 2015 são de um bom posicionamento da produção nacional no cenário internacional com a possível abertura do mercado norte-americano para a carne in natura, a retomada dos envios para a China e a redução do rebanho de concorrentes diretos do Brasil, como os Estados Unidos e a Austrália”, declara o Rabobank Brasil, em nota.
“Internamente, a tendência aponta para a manutenção de preços elevados para a carne bovina, o que poderá influenciar o consumidor a migrar para produtos substitutos mais baratos, como o frango. Para o produtor, a demanda por bezerros deverá se manter firme em 2015, impulsionada pelos altos níveis de preços para a arroba do boi gordo.”
AÇÕES DO MAPA
Desde 1990, o Mapa aplica medidas de prevenção e vigilância da vaca louca, que são atualizadas frequentemente, de acordo com as informações científicas disponíveis e as recomendações da entidade internacional.
Diante dessas ações, consolidadas há mais de duas décadas no Brasil, um eventual registro da enfermidade não configura risco sanitário, visto que as medidas de mitigação de risco atuais são suficientes para evitar a reciclagem e amplificação do agente causador.
Em nota à equipe SNA/RJ, após uma reunião realizada no último dia 12 com a comitiva de sauditas, o Ministério da Agricultura informa que “nesta semana, os técnicos do Mapa irão coletar informações e dados acerca do mercado solicitados pelas autoridades da SFDA”.
“Depois de encaminhar essas informações aos sauditas, o Ministério vai aguardar o contato deles para saber a decisão daquele país”, segundo o Mapa, em nota.
Técnicos do Ministério da Agricultura começaram a coletar as informações solicitadas pelas autoridades sanitárias da Arábia Saudita para voltar a importar carne bovina brasileira, inclusive os derivados do produto. Eles também analisaram com os sauditas a possibilidade de ampliar o comércio de carne de aves do Brasil para aquele mercado.
Durante reunião, realizada no dia 12 de junho, os representantes sauditas relataram as visitas que fizeram aos Estados de Pará, Mato Grosso e Pernambuco para avaliar as atuais condições de estabelecimentos de carne bovina. No roteiro, estavam duas fazendas, um laboratório e seis frigoríficos.
A Missão Veterinária da Saudi Food and Drug Authority (SFDA) também visitou seis estabelecimentos de produção de aves, um laboratório e uma granja para coletar informações e avaliar o controle oficial brasileiro em relação à exportação de carne de aves para o mercado saudita.
Por equipe SNA/RJ