A queda mundial da oferta de carne suína em julho e, como consequência, o aumento do preço médio têm favorecido as exportações brasileiras do produto, que integra a balança comercial do País. No mercado internacional, o valor da tonelada está 36,01% mais caro: US$ 3.401 no mês passado contra os US$ 2.501 observados em 2013. Os dados são da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Com o recente desempenho, as vendas externas de carne suína do Brasil tiveram elevação de 10,49% sobre julho de 2013, somando US$ 139,37 milhões, o que significou um acréscimo de 10,49% no mesmo comparativo. De janeiro a julho, a receita atingiu US$ 838,24 milhões, resultando em um crescimento de 10,82% em relação ao mesmo período do ano passado.
O resultado gera ainda mais otimismo para o setor.
“Neste ano, prevemos embarques em torno de 600 mil toneladas sobre as 517 mil registradas no ano passado, o que deve significar um crescimento de aproximadamente 16,05%. No que diz respeito à receita, a previsão é atingirmos em torno de US$ 1,70 bilhão, em comparação a US$ 1,36 bilhão em 2013”, destaca o vice-presidente do Departamento de Suínos da ABPA, Rui Eduardo Saldanha Vargas.
O preço mais alto da carne suína no mercado internacional contrabalançou a queda das exportações brasileiras no que se relaciona ao volume: -18,77% em julho, com 40.972 toneladas, acumulando retração de 4,85%, em 2014. De janeiro a julho deste ano, o País exportou 276.830 toneladas da proteína animal.
Para Vargas, a expectativa é de que o volume de vendas externas também se recupere.
“Com o interesse russo de importar maiores quantidades de carne suína do Brasil, para substituir as compras de tradicionais fornecedores – como Estados Unidos e União Europeia -, o volume mensal das vendas externas de carne suína deverá aumentar acima da média.”
De acordo com a ABPA, em julho passado, o governo de Moscou habilitou sete frigoríficos brasileiros de carne suína, o que deve reduzir aos poucos o impacto do mercado russo à proteína animal Brasil, há três anos.
“Diante disso, as restrições comerciais impostas pela Rússia, aos poucos, estão sendo eliminadas”, salienta Vargas.
De uma lista de 24 frigoríficos brasileiros reabilitados a exportar carne suína para o mercado russo, somente cinco ainda mantém restrições temporários desde 2011. Veja lista completa acessando o link: http://ow.ly/AHpqA.
PROBLEMAS EXTERNOS
“O preço da carne suína no mercado internacional vem sendo pressionado, desde o início do ano, devido aos focos de Diarreia Suína Epidêmica (PED) em grandes nações produtoras, como Canadá, Colômbia, Estados Unidos, México e Peru”, pontua Vargas.
“Além disso, países da Ásia reduziram seus planteis produtivos e, consequentemente, a oferta internacional do produto. Também pesa sobre a Europa e EUA o recente embargo da Rússia à carne suína destes países”, destaca.
Dados do banco Rabobank (São Paulo/SP) comprovam o momento delicado vivido pelo mercado internacional de carne suína. Eles mostram que o preço da proteína animal no México, por exemplo, teve alta de quase 25% nos últimos 12 meses e pode crescer ainda mais (algo em torno de 5%).
Ainda segundo o banco, o Japão também enfrenta problemas para comprar o produto, porque a importação fica mais cara para os japoneses, considerando que a moeda do país asiático – o iene – é mais desvalorizada em relação a outras moedas estrangeiras. Em terreno norte-americano, a crise está relacionada à PED, o que gerou queda na oferta, preços mais altos e o embargo do mercado russo à carne suína dos EUA.
Com o atual cenário, o Brasil leva vantagem nas exportações de carne suína, assim como a União Europeia, única região que ainda mantém o produto disponível a preços mais acessíveis e que pode alcançar bons resultados nas vendas externas para Ásia e EUA. Mesmo assim, a UE talvez não consiga recuperar as vendas mais fracas para países da Europa Central e do Leste, aponta o Rabobank.
DESTINO
De acordo com a ABPA, em julho de 2014, os principais destinos da carne suína do Brasil foram Rússia, com 14.171 toneladas e US$ 67,88 milhões; Hong Kong, com 8.811 t e US$ 23 milhões; Cingapura, 4.011 t e US$ 12,03 milhões; Angola, 3.701 t e US$ 7,09 milhões; Uruguai, 1.738 t e US$ 5,38 milhões.
O Japão, que abriu seu mercado à carne suína de Santa Catarina há dois anos, importou 1,16 mil de toneladas de janeiro a julho deste ano, alta de 658%.
No acumulado do ano, a Rússia se destaca como o principal importador, com 97.931 t e US$ 403,93 milhões, seguida por Hong Kong, com 63.954 t e US$ 156,43 milhões.
Os principais Estados brasileiros exportadores, no período janeiro-julho, conforme a ABPA, foram Santa Catarina, com 119.862 toneladas; Rio Grande do Sul, com 67.608; Minas Gerais, com 26.208; Goiás, com 24.963; e Paraná, com 23.921 toneladas.
Equipe SNA/RJ