Carne bovina: negócios com EUA exigem cautela, alerta diretor da SNA

“A tendência é que, com os dois acordos (China e EUA) haja uma demanda maior pela carne bovina brasileira e isto pode elevar o abate de bovinos, no início de 2016. Mas é necessário aguardar para ver como o mercado vai reagir”, pondera o diretor da SNA Milton Dallari. Foto: Daniele Medeiros/Arquivo SNA
“A tendência é que, com os dois acordos (China e EUA) haja uma demanda maior pela carne bovina brasileira e isto pode elevar o abate de bovinos, no início de 2016. Mas é necessário aguardar para ver como o mercado vai reagir”, pondera o diretor da SNA Milton Dallari. Foto: Daniele Medeiros/Arquivo SNA

Frigoríficos de 14 Estados livres de febre aftosa com vacinação estão habilitados para exportar carne bovina in natura ao mercado norte-americano. São eles: Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo e Sergipe. O anúncio foi feito pela ministra Kátia Abreu, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nesta segunda-feira, 29 de junho.

De acordo com o órgão, o negócio foi encabeçado, pessoalmente, pela presidente Dilma Roussef junto ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A previsão, a partir de agora, é que o Brasil exporte, em cinco anos, 100 mil toneladas de carne bovina para aquele país, após 15 anos de embargo por parte do mercado norte-americano, decorrente de restrições sanitárias.

Na opinião do diretor da Sociedade Nacional de Agricultura José Milton Dallari, apesar da boa notícia, é necessário ter cautela. “O Brasil nunca exportou carne in natura para os EUA, que é o segundo produtor mundial de carne bovina do mundo. É necessário aguardarmos para ver quais serão os procedimentos sanitários exigidos pelo governo norte-americano, porque ele pode decidir por importar o produto somente de alguns Estados brasileiros livres de febre aftosa sem vacinação ou com vacinação.”

Ele ainda destaca que as aberturas do mercado chinês, que prevê a habilitação de novos frigoríficos a exportar para a China, e agora do norte-americano “podem pressionar os preços da arroba do boi no mercado interno”.

“A tendência é que, com os dois acordos (China e EUA) haja uma demanda maior pela carne bovina brasileira e isto pode elevar o abate de bovinos, no início de 2016. Mas é necessário aguardar para ver como o mercado vai reagir”, pondera.

NOVOS MERCADOS

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) comemora a decisão dos EUA. Para o presidente da entidade, Antônio Jorge Camardelli, a abertura deste mercado abre precedentes para o País começar a negociar também com países da América Central e NAFTA (sigla em inglês para o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), composto também pelo Canadá e México.

“Diversos países usam o sistema norte-americano como referência para negociações internacionais e podem mudar sua visão em relação ao nosso produto. Este será um fator importante também para as tratativas com o Japão, que ainda mantém embargo à carne brasileira”, ressalta Camardelli.

Na visão dele, o começo das exportações para o mercado norte-americano também dará força para as vendas de cortes do dianteiro bovino. “O consumo interno prioriza cortes traseiros e agora teremos um ótimo mercado para explorar o corte dianteiro, muito utilizado para a produção de hambúrgueres.”

Ele também avalia que a abertura do mercado dos EUA “vem coroar um ano de ótimas notícias para a indústria brasileira”, pois importantes países, como Iraque, África do Sul e China, já anunciaram a abertura de seus mercados com o Brasil.

“Estados Unidos e China eram nossas prioridades estratégicas em 2015. Parabenizamos a Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, que colocou esses assuntos em sua pauta de negociações e atuou com empenho na finalização desses processos”, destaca Camardelli.

 

“Diversos países usam o sistema norte-americano como referência para negociações internacionais e podem mudar sua visão em relação ao nosso produto. Este será um fator importante também para as tratativas com o Japão, que ainda mantém embargo à carne brasileira”, ressalta o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli. Foto: Divulgação
“Diversos países usam o sistema norte-americano como referência para negociações internacionais e podem mudar sua visão em relação ao nosso produto. Este será um fator importante também para as tratativas com o Japão, que ainda mantém embargo à carne brasileira”, ressalta o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli. Foto: Divulgação

DADOS

Conforme dados do Ministério da Agricultura, nos cinco primeiros meses de 2015, o Brasil exportou US$ 139,89 milhões em carne bovina para os EUA, mas o produto era somente processado e miudezas – US$ 138,81 milhões e US$ 229,16 milhões, respectivamente – e não in natura.

Em entrevista à imprensa, Kátia Abreu classificou a decisão de Obama como “ter uma senha” para o acesso a outros setores do agronegócio. “É o céu que se ilumina”, afirmou a ministra, que continua em negociação com outras nações para que importe volume maior de carne brasileira, a exemplo da Arábia Saudita e Japão; e ainda ampliar negócios com a China. Recentemente, o mercado chinês habilitou mais dez novas plantas frigoríficas de carne in natura.

No caso do mercado asiático, auditores daquele país ainda estão no Brasil para analisar, por amostragem, 13 estabelecimentos de carnes bovina, suína e de aves. A expectativa do Mapa é que nove plantas de carne bovina sejam habilitadas ainda em 2015. Cada estabelecimento pode fechar negócios que giram em torno de US$ 18 milhões a US$ 20 milhões.

Por equipe SNA/RJ

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