Caramuru amplia fábrica e eleva a aposta em biodiesel

A Caramuru Alimentos, uma das maiores processadoras de grãos de capital nacional, quer se tornar referência também em biocombustíveis. A companhia, que completou 59 anos de fundação na última semana e fechou 2022 com a melhor receita de sua história, vai investir R$ 210 milhões para ampliar sua unidade de produção do biodiesel em Ipameri (GO).

Com os desembolsos, a empresa vai dobrar a capacidade instalada da planta, que passará de 1.500 tonelada ao dia para 3.000 toneladas. Isso aumentará a oferta de óleo, farelo e biodiesel da unidade, localizada às margens da ferrovia da Vale. A empresa utilizará recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) distribuídos pelo Banco da Amazônia ou com empréstimo do BNDES. As obras devem ser concluídas em 2024.

O CEO da companhia, Júlio César da Costa, acredita que o governo Lula voltará a uma programação de aumento gradativo da mistura de etanol à gasolina até chegar ao B20, já que houve muito investimento do setor. No momento, a proposta do governo é elevar paulatinamente o teor da mistura até 2025, quando chegará a 15%, conforme informou o Valor nesta semana.

Projetos

A Caramuru aposta no crescimento do biodiesel de soja. “A escala de produção de grãos no Brasil vem da soja, que na Caramuru processamos para transformar em farelo de valor agregado. O óleo que resta nós envasamos com a marca Sinhá ou transformamos em combustível”, disse Júlio César.

Enquanto dá início ao novo projeto, a companhia encaminha a conclusão de outros dois, que, somados, consumiram mais de R$ 300 milhões em investimentos.

Em Itumbiara (GO), a empresa está perto de concluir uma planta de farelo de soja geneticamente modificada com alto teor de proteína, conhecido como SPC, que recebeu investimento de R$ 242 milhões. Já em Sorriso (MT), a companhia vai finalizar a construção de uma unidade industrial de glicerina refinada, um projeto de R$ 78 milhões.

Alavancagem

A série de investimentos ocorrerá sem comprometer a alavancagem da empresa, garante o CEO da Caramuru. “Somos uma empresa pé no chão. Recentemente fizemos o dever de casa e alongamos nossas dívidas”, afirmou Júlio César.

Segundo Marcus Erich Thieme, diretor de Relações com Investidores da Caramuru, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado) da companhia é hoje de 2,4 vezes. Já o prazo médio das dívidas é de quatro anos.

Receita

Com os novos projetos, a Caramuru reforça a expectativa de repetir em 2023 o bom desempenho que teve no ano passado, quando sua receita líquida cresceu 13,60% e totalizou R$ 8.63 bilhões, um recorde. O lucro líquido da empresa caiu 1,80%, para R$ 348.7 milhões, mas o lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) aumentou 10,80%, para R$ 639.2 milhões.

Segundo o CEO da empresa, o desempenho se deveu à combinação de preços altos das commodities agrícolas, ao elevado patamar do dólar em relação ao real e ao fato de a empresa ter um portfólio completo.

“O lucro só não foi maior que o de 2021 devido à alteração no mandato de biocombustível. Tínhamos planos para que estivesse no B14 e ficou no B10”, disse Júlio César. Para este ano, a companhia estima uma receita líquida entre R$ 8.6 bilhões e R$ 9 bilhões.

Fonte: Valor
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