A Caixa Econômica Federal espera chegar à segunda colocação no crédito agrícola no País até junho, e disputar, em dois anos, a liderança do segmento com o Banco do Brasil. Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, a carteira do banco no crédito agrícola deve chegar a R$ 40 bilhões no final deste ano, e até 2024 a cerca de R$ 200 bilhões.
“No ranking oficial do Banco Central, estamos em quarto, mas os dados são de outubro. Em novembro, pela nossa estimativa, já passamos o terceiro, e até junho, com tranquilidade, passamos a ser o segundo”, disse o executivo em entrevista ao Broadcast Agro.
No terceiro trimestre de 2021, dado mais recente, a carteira da Caixa no agronegócio chegava a R$ 12.3 bilhões, com aumento de 79,40% em base anual. A do BB chegava a R$ 225.8 bilhões.
O banco tem engatilhadas as inaugurações das 100 agências dedicadas ao agro. Ao todo, quer expandir sua rede física em cerca de 300 agências, as do agro incluídas. Além de ampliar o atendimento, a Caixa conta com linhas de crédito subsidiadas pelo governo federal para reforçar as concessões.
Recursos
No ano passado, o banco participou pela primeira vez do Plano Safra, por meio do qual obteve R$ 7 bilhões em recursos equalizados pelo governo. Neste ano, quer pleitear uma fatia maior, e deixará de repassar a outros bancos recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura (Pronaf), que não emprestava.
“A Caixa repassava mais de R$ 5 bilhões para outros bancos, porque no Pronaf e no Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) não tinha a capacidade, o foco, de emprestar para quem mais precisava”, disse Guimarães. “Só nesse ajuste, passaríamos (o segundo).”
A cifra de R$ 200 bilhões em dois anos é vista como factível pelo executivo, que comenta que levaria a um acréscimo de 15% a 20% na carteira de crédito atual do banco.
FCO
Entretanto, depende da entrada da Caixa no Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), que destina, por meio dos bancos, recursos subsidiados a empresas e produtores rurais e também a cooperativas da região, a mais forte do agronegócio brasileiro.
O BB é administrador e domina as concessões via FCO, mas Guimarães acredita que a Caixa tem condições de entrar no páreo.
“Depois que tivermos nos estruturado, vamos pleitear o uso do FCO, porque são recursos subsidiados. Em especial com uma taxa de juros mais alta, isso é crucial”, disse. Neste ano, o FCO deve aplicar R$ 9.7 bilhões em recursos, sendo que o BB deve responder por R$ 8.3 bilhões.
Se a CEF não conseguir entrar no FCO, Guimarães acredita que a carteira de crédito agrícola no final de 2024 chegaria a R$ 150 bilhões. Uma expansão mais modesta, mas que, ainda assim, faria com que o banco público chegasse perto da liderança.
Potencial
O avanço no agronegócio é uma ambição dos grandes bancos brasileiros, graças ao potencial de vendas cruzadas que esse tipo de crédito possui, como as de seguro agrícola, o que compensa em parte a menor rentabilidade das linhas.
Hoje, o Bradesco é o segundo colocado no crédito rural, atrás somente do BB. O agronegócio é base eleitoral do presidente Jair Bolsonaro e um dos principais setores apoiadores da atual administração federal.
Excesso de capital
A ambição da Caixa é sustentada por índices de capital robustos. Em setembro do ano passado, o Índice de Basileia, que indica a proporção de capital próprio do banco na carteira de crédito, estava em 20,80%, o mais alto entre os cinco grandes bancos brasileiros.
“A nossa Basileia está acima de 20%, é quase ineficiente, e temos mais de R$ 200 bilhões em excesso de funding”, disse Guimarães.
Segundo ele, a escolha pelo agronegócio é lógica dado o potencial de crescimento do setor nos próximos anos. E mesmo que o capital se reduza nos próximos anos, o executivo acredita que a Caixa teria à mão opções relativamente baratas para levantar recursos.
“O nosso ‘wealth’ demanda LCI (letras de crédito imobiliário) e LCA (letras de crédito do agronegócio). Não precisamos nem guardar tudo no balanço. Apertou Basileia, securitiza”, afirmou o executivo.
Segundo ele, hoje, a Caixa não emite esse tipo de título, mas a gestora de recursos do banco tem R$ 700 bilhões de terceiros, o que cria um público em potencial.
Fonte: Broadcast Agro
Equipe SNA