Café tem semana marcada por instabilidade, mas fundamentos seguem positivos para os preços

O mercado futuro do café arábica encerrou as negociações da sexta-feira (22) com desvalorização técnica para os principais contratos na Bolsa de Nova York (ICE Future US).

Maio/24 teve queda de 85 pontos, negociado por 184,85 cents/lbp, julho/24 registrou queda de 65 pontos, valendo 184 cents/lbp, setembro/24 teve baixa de 50 pontos, negociado por 183,55 cents/lbp e dezembro/24 registrou queda de 35 pontos, valendo 183,15 cents/lbp.

 As previsões de chuvas limitadas nas regiões cafeicultoras do Brasil durante a próxima semana estão sustentando os preços do café”, destaca a análise do site internacional Barchart. No Brasil, analistas afirmam que as condições do tempo são satisfatórias, mas que o calor intenso pode antecipar a colheita em algumas áreas de arábica.

 Além disso, de acordo com Luís Reis – da Cooxupé, não há mudanças significativas nos fundamentos, os estoques continuam com níveis baixos e a participação do produtor tem sido crucial para manter os preços em bons patamares. A relação de troca e o momento continuam favoráveis para a preparação da colheita e planejamento da safra 25.

 Na Bolsa de Londres, o tipo conilon também encerrou com desvalorização. Maio/24 teve queda de US$ 27 por tonelada, negociado por US$ 3358, julho/24 teve desvalorização de US$ 24 por tonelada, negociado por US$ 3264, setembro/24 teve queda de US$ 25 por tonelada, valendo US$ 3190 e novembro/24 registrou queda de US$ 23 por tonelada, cotado por US$ 3118. https://encurtador.com.br/bEUZ3

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Illy quer fundo de US$ 1 bi para café regenerativo

O Brasil poderá assegurar a oferta de café proveniente de práticas regenerativas para a illycaffè na próxima década, afirmou Andrea Illy, presidente da multinacional italiana. Para ele, o cultivo sustentável é o que vai permitir o aumento da produtividade, mesmo com as adversidades climáticas. Por isso, o empresário estuda a criação de um fundo de US$ 1 bilhão ao ano “para resiliência do café”.

 A aposta de Illy é tentar viabilizar a renovação das áreas de café em países produtores em que os agricultores não conseguem financiar a mudança para práticas mais sustentáveis de produção. Com o fundo para “resiliência do café”, a companhia também teria mais matéria-prima à disposição para processamento. Mas segundo Illy, o objetivo principal é “mitigar” os efeitos dos problemas climáticos.

 Na agricultura regenerativa, o cultivo inclui práticas de recomposição do solo, redução de emissões de carbono, gestão da água e da biodiversidade. Utilizando matéria-prima produzida com esses métodos, a illycaffè quer dobrar sua participação — que hoje corresponde a 0,3% do volume e a 0,6% da receita de vendas — em mercados fora da Itália e dos Estados Unidos.

 Ainda sem um modelo de negócio estruturado ou parceiros definidos para a fase de captação de recursos, Andrea Illy inspira-se em ações como a do banco suíço Lombard Odier, que fez um aporte de US$ 150 milhões para transformar fazendas em sistemas regenerativos, e da Fundação Bill e Melinda Gates, que investiu quase US$ 6 bilhões nos últimos 17 anos em iniciativas de melhoria da agricultura, especialmente na África. Illy citou ainda o Plano Mattei, uma ação do governo italiano de apoio ao desenvolvimento dos países africanos.

 Se o fundo se tornar realidade, os primeiros recursos serão destinados à renovação de áreas de plantio de café no mundo, que passarão a fazer a transição para práticas regenerativas. Segundo o empresário, na Índia e no Vietnã, os cafezais têm entre 80 e 100 anos, o que significa que eles vão produzir cada vez menos. No Brasil, as plantas têm, em média, 12 anos.

Por esse motivo, o Brasil não seria prioridade na seleção dos países que receberiam recursos do fundo, ainda que Illy não tenha descartado a possibilidade. O foco seria microprodutores de regiões precárias com dificuldades de captação de recursos.

“Estamos estudando se há possibilidade de se investir em equity ou via uma mescla entre equities e crédito para os microprodutores usarem os recursos na melhoria e renovação da plantação. O problema, agora, é o modelo de negócios que vamos seguir para dar o próximo passo no projeto”, afirmou Illy.

Fonte: Conselho Nacional do Café  (CNC) em parceria com SNA
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