Levantamento realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) revela oportunidades para o Brasil nos segmentos de soja, sucos, café, celulose. Uma das apostas para o aumento de oportunidades de negócios está na migração acelerada da população rural para as zonas urbanas.
Para ter uma ideia, entre os anos de 2000 e 2013, 300 milhões de chineses saíram do campo para as grandes cidades que devem receber, nos próximos anos, mais 250 milhões de pessoas.
Presidente do ICBC Brasil, Zhao Guicai destaca a capacidade tecnológica e agrícola do Brasil e informa que, somente no ano passado, foram assinados R$ 40 milhões em contratos entre os dois países. Salienta ainda o grande potencial de café, cujo consumo tem aumentado em 40% ao ano. Traduzindo, o ICBC (Industrial and Commercial Bank of China) é o Banco Comercial Industrial e Comercial da China, em território brasileiro.
Embora o consumo per capita per capita anual de cinco xícaras de café esteja muito aquém da média mundial, que é de 240 xícaras, a demanda do país vem aumentando graças à presença de redes como Starbucks e Costa Café, frequentadas, principalmente, pelo consumidor jovem na faixa de 25 a 20 anos e de classe social alta.
“Se metade da população chinesa consumir uma xícara de café por dia, isto absorveria toda a produção brasileira”, calcula Guicai.
Em 2012, a China importou US$ 230 milhões em café, principalmente do Vietnã e Indonésia. “O Brasil participou com apenas 4,6%, ou seja, o País não está inserido nesse mercado”, afirma André Soares, autor da pesquisa e representante do CEBC.
Segundo ele, o café apresenta potencial para pequenas e médias empresas, porém, o grande entrave, é a tarifa de exportação para a China, atualmente em 30%, “que tira a competitividade do produto brasileiro”.
Soares também ressalta as oportunidades no mercado de café gourmet, que pode apresentar vantagens tarifárias, e na criação de uma rede de café.
SOJA
Entre 2012 e 2013, as exportações de soja para o mercado chinês evoluíram bastante. Segundo o estudo, em 2013, o crescimento foi de 43%. “70% da soja brasileira em grãos vai para a China”, informa o secretário geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fábio Trigueirinho.
Em sua opinião, a vantagem competitiva da soja brasileira é a produtividade, na média de 3.000 kg/ha, ante 1.800 kg/ha da soja chinesa. Enquanto o gargalo é a logística.
Soares (CEBC) comenta que a soja processada brasileira é alvo de barreiras tarifárias na China e Tributárias no Brasil. Uma das saídas apontada pelo estudo é o processamento de soja em farelo, no Brasil, para a produção de proteína animal, a ser exportada para o país asiático.
“O ponto forte é a produzir a proteína (farelo) que se transforma em carne e 20% de óleo”, destaca.
CELULOSE
Maior produtor mundial de papel, o foco do país é o processamento local, a partir de matéria-prima importada (57%). A China é o principal mercado da celulose brasileira, com 9% do total do produto consumido no país.
A expectativa do levantamento é a mudança de hábitos decorrente da urbanização, que vai estimular o uso de produtos voltados para a higiene pessoal (tissue): guardanapos, lenços de papel, fraldas e papel higiênico.
“Podemos fornecer celulose com uma velocidade três vezes maior que o segundo do mundo”, afirma Elizabeth Carvalhaes, presidente executiva da Indústria Brasileira de Árvores (IBA).
Segundo estudo da Apex-Brasil e CEBC, a principal vantagem brasileira é o baixo custo de produção, o que poderia favorecer o crescimento das exportações para o país asiático. Outras oportunidades seriam o plantio e a produção de pasta de madeira na China, uma concorrência direta.
SUCO DE LARANJA
Embora o país tenha tradição no consumo de chá gelado, a preocupação com hábitos alimentares mais saudáveis tem incentivado a demanda por sucos de frutas e vegetais. Mesmo com o crescimento de 130% no consumo de suco de laranja na China, segundo Soares (CEBC), no período de 2003 a 2012, o consumo per capita anual do país asiático é de apenas 300 mililitros, ante a média mundial de 3 litros por habitantes e de 37 litros na Alemanha.
Ainda conforme o estudo, a China é um importante mercado para essa bebida. Desde 2007, o Brasil é o principal fornecedor para o mercado chinês. Em 2012, as exportações brasileiras de suco de laranja congelado para aquele país totalizaram US$ 106,7 milhões.