Café: Chuvas e números de safra agitaram mercado de café em novembro

A agitação, nervosismo, volatilidade, o mercado de clima e as especulações em torno da próxima safra brasileira continuaram na comercialização internacional de café em novembro. Números de safra passaram a “pipocar” com as indicações de quanto o Brasil deve colher no próximo ano, e revisões para a safra de 2014, e o mercado naturalmente foi reagindo a isso, assim como reagiu as notícias de chuvas sobre o cinturão cafeeiro do país, ou à ausência delas.

A safra brasileira de 2014 e a do próximo ano foram comprometidas, isso é fato. O potencial para 2015 não será alcançado, devido à falta de umidade no começo de 2014 e também em função do déficit hídrico em meio às floradas. Mas, as chuvas retornaram neste último trimestre do ano e atenuaram um pouco os temores e preocupações. Assim, os preços sofreram pressões na Bolsa de Nova York no arábica, que baliza as cotações internacionais.

Se existe a sustentação com os temores em torno da safra do Brasil, com tendências de retração nos estoques globais, existiram números baixistas para a produção em novembro. “O fato é que o mercado internacional de café foi recentemente inundado por números de safra, o que trouxe nova agitação à curva de preços”, comenta o analista de Safras & Mercado, Gil Barabach. O maior impacto foi causado pela estimativa do adido do USDA no Brasil. E não foi nem previsão da produção em 2015/16. O adido revisou a safra do País em 2014/15 (colhida este ano) para 51.2 milhões de sacas de 60 quilos. “Além aumentar em 1.7 milhão de sacas a projeção anterior, o número ficou acima do que o mercado vinha cogitando, causando rebuliço e alguma indignação por parte de produtores locais”, comentou o analista.

A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) – número oficial do Brasil – estima a produção 2014/15 em 45.1 milhões de sacas. Já o Conselho Nacional do Café (CNC), que representa os produtores, sinaliza safra brasileira entre 40 a 43.3 milhões de sacas. Mas o número do USDA não ficou acima apenas de dados oficiais, como já é característico. Os números privados apresentados até agora indicam um cenário de produção abaixo de 50 milhões de sacas, como Safras & Mercado, que trabalha com 48.9 millhões de sacas (base sondagem de maio). Algumas tradings, como a Volcafé – divisão de café da trading de commodities ED&F Man – falam em 47 milhões de sacas. E bancos, como o Rabobank, compartilham da ideia de uma safra brasileira de 47 milhões de sacas.

O Rabobank surgiu com uma das primeiras projeções para o quanto o Brasil deve colher em 2015, indicando uma tendência de safra de 42 a 47 milhões de sacas, e colocando um viés positivo para os preços internacionais no próximo ano, diante da queda nos estoques globais.
“Em contrapartida, a redução na produção do Vietnã ajudou a aliviar o efeito negativo com o número do USDA para o Brasil”, indicou Barabach. A Volcafé reduziu a safra do Vietnã e elevou o déficit global para 10 milhões de sacas na temporada 2014/15, que teve início em outubro. Trabalhava antes com 9 milhões de sacas de déficit.

Embora em NY o preço do café arábica tenha conseguido construir um “fundo” e se afastado das mínimas, é nítido que mostra sérias deficiências em suas investidas altistas, diz o analista. “A perspectiva de que a safra brasileira pode ter ficado acima do esperado (mais próxima dos 50 milhões de sacas), reforça a sensação de tranquilidade entre os compradores. E isso, logicamente, baliza uma atuação mais cadenciada dos compradores”, coloca. O bom fluxo dos embarques brasileiros corrobora o sentimento de tranquilidade quanto a oferta neste momento. O Brasil deve fechar o ano com embarques de 36 milhões de sacas.

No balanço mensal em NY, o contrato março/2015 fechou a quinta-feira (27 de novembro) a US$ 1,9425, tendo assim um ganho acumulado no mês de 1% no comparativo com o final de outubro, quando a bolsa fechou o dia 31 daquele mês em US$ 1,9230. Em Londres, o robusta subiu no mesmo comparativo 2,3%.

Já no mercado físico brasileiro, os produtores seguiram dosando bem a oferta, cautelosos, assim como os compradores agiram com parcimônia, frente à tanta especulação. O dólar comercial avançou no balanço mensal, de R$ 2,478 em 31 de outubro para R$ 2,529 em 27 de novembro (alta de 2,1% no mês). Com o dólar ajudando, no sul de Minas Gerais, o café arábica bebida boa subiu de R$ 470,00 a saca em 31 de outubro para R$ 500,00 a saca em 27 de novembro, o que significa uma elevação no mês de 6,4%. O conilon 7 em Vitória, Espírito Santo, no mesmo comparativo, subiu 2,6% no mês, passando de R$ 265,00 para R$ 272,00 a saca.

 

Fonte: Agência Safras

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