Os preços internacionais de cacau vêm subindo nas últimas semanas, em meio a preocupações com a oferta da África Ocidental, onde produtores não têm conseguido cumprir contratos de entrega física.
Os contratos futuros do cacau em Londres fecharam em 2.119 libras a tonelada nesta quinta-feira (23/2). No dia anterior, fecharam em 2.123 libras a tonelada, a maior cotação desde novembro de 2016, em grande parte por causa de preocupações com a oferta da Costa do Marfim, o maior produtor mundial.
Segundo analistas e traders, os preços começaram a subir no início deste ano, com sinais de que os exportadores da Costa do Marfim não conseguiriam cumprir seus contratos por causa das chuvas escassas e inconsistentes nas áreas de cultivo do país.
“O cacau não acompanhou a alta dos preços das commodities no ano passado por causa da grande produção da Costa do Marfim e de Gana”, disse o analista Paul Joules, do Rabobank.
Números
As entregas da amêndoa no importante porto de Abidjan, na Costa do Marfim, totalizaram 34.000 toneladas na semana encerrada em 12 de fevereiro, em comparação com as 66.000 toneladas um ano antes.
“Os contratos futuros em Londres estão no maior nível desde 2016, e há uma grande posição líquida comprada. Fundos estão apostando fortemente na alta dos preços e vêm impulsionando os contratos”, afirmou Joules.
A Fitch Solutions espera que os preços recuem dos níveis atuais e fiquem em 2.008 libras a tonelada, em média, em 2023. Mesmo assim, superariam os preços de 2022, de 1.820 libras por tonelada.
Cenário
As chuvas nas regiões de cultivo da África Ocidental têm ficado abaixo do normal nos últimos meses, de acordo com a WeatherBell Analytics. No entanto, outros problemas parecem estar afetando a produção.
Segundo Jim Roemer, editor da newsletter WeatherWealth, após a Covid-19, a falta de fertilizantes e de incentivos do governo dificultou os cuidados com as plantações em Gana e na Costa do Marfim.
Apesar da alta do cacau, os preços de chocolate no varejo podem ficar sob controle por causa da fraca demanda, dizem analistas.
“Consumidores não estão gastando com os mesmos produtos de antes”, observou o trader de commodities Peter Mooses. “Inflação e volatilidade cambial também estão pressionando vários produtos alimentícios.”