Brasileiros compram máquinas e aumentam área de soja‏

Os produtores no Brasil devem aumentar a área de soja e já se preparam para uma nova safra recorde. Na temporada 2014/15, que começa este mês, a consultoria Céleres projeta nada menos que 91,35 milhões de toneladas de soja – um aumento de 6% comparado a safra atual.

A superfície de soja, segundo a Céleres, cresceria 3,6% no período, aponta reportagem do jornalista Luís Vieira para o Portal Agriculture.com. “Apesar de existem temores sobre a safra norteamericana, a boa rentabilidade nas últimas safras e melhores rendimentos comparado a outros cultivos como milho culminarão em uma expansão de área da oleaginosa”, disse a Céleres em recente relatório.

Carlos Cogo, um analista de mercado, também aposta em um aumento similiar de área. E ele prevê que a área de milho cairia 8,6% no verão, enquanto aumentaria 2,2% na safrinha. “Os produtores não devem mudar seus planos porque boa parte dos insumos já foram comprados”, explica.

A Expointer é uma das maiores feiras agrícolas da América do Sul e acontece nesse período do ano para oferecer novas tecnologias aos produtores que preparam a próxima safra na cidade de Esteio, na grande Porto Alegre. O que é escutado por parte de produtores e revendas de maquinário é uma confirmação da previsão dos analistas.

A área de soja deve aumentar principalmente nas fronteiras agrícolas do país e seria mantida nas áreas tradicionais. Nos primeiros meses do ano, houve uma queda de 20% de vendas de maquinário de Janeiro a Junho por conta de subsídios limitados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De Janeiro a Abril, o banco liberou R$ 3,7 bilhões para compra de maquinários fabricados no Brasil, o que é uma queda dos R$ 5,7 bilhões do ano passado.

Emerson Cavalli é um supervisor de vendas na Supertratores, uma revenda da New Holland que atende cerca de um terço do Rio Grande do Sul. A região servida pela revenda é a região sul do estado, uma fronteira agrícola que gradualmente vem migrando da cultura de arroz e da pecuária para a soja. Cavalli revelou que essa falta de empréstimos subsidiados não foi sentida na região e os investimentos são pesados.

“Há um caso de um produtor, que é meu cliente, que comprou seis colheitadeiras, duas plantadeiras, dois pulverizadores e três tratores em um período de mais ou menos três safras. Claro, a área dele de soja pulou de 40 hectares para 3.500 hectares nesse período. Ele investirá mais e mais enquanto soja continua a ser mais rentável”, revelou Cavalli.

Em outras regiões, houve uma realidade diferente. Toni Ferrarin, presidente-executivo da Agrofel, uma revenda com nove unidade no Noroeste do Rio Grande do Sul e uma no Mato Grosso do Sul, teve dificuldades em vender maquinário.

“Como houve um atraso muito grande na liberação de crédito, muitos contratos foram cancelados. Há uma queda de cerca de 20% nas vendas, mas acho que haverá uma recuperação. A expectativa de vendas de colheitadeiras é boa”, contou ele ao Agriculture.com.

A companhia coreana LS Tractor entrou no mercado brasileiro em 2013 e rapidamente ganhou participação no mercado. O Brasil tem um mercado anual de 55 mil tratores e a empresa coreana já tem 3 mil unidades vendidas no ano. André Rorato, diretor comercial na LS Mitron Brasil, acredita que a companhia conseguiu se beneficiar dos atrasos de liberação de crédito.

“Em 2013, tínhamos 12 concessionárias. Agora temos 26 concessinárias no país. Os produtores tiveram que esperar por nossa expansão no mercado. Nosso alvo são pequenos produtores”, diz Rorato. Diferentemente dos Estados Unidos, onde o nicho da LS é produtores de hobby, no Brasil os produtores profissionais pequenos são o alvo e estes são mais de 800 mil.

Também na Expointer, o produtor Cesar Rebesquini, que é de Passo Fundo, uma área tradicional de soja no RS, não quis comprar novos maquinários neste ano. Mas ele diz que aumentará sua área de soja de 450 hectares no ano passado para 550 hectares neste ano, excluindo os 100 hectares que havia plantado de milho.

“As sementes de milho realmente estão muito caras e o preço do milho não compensa. Acrescentando o preço do diesel se tu estiver plantando milho, tu está com problemas sem fim”, avaliou o produtor.

Um produtor parece ser a exceção e contou uma história diferente. Juliano Rodrigues Vieira é agricultor em Bom Jesus, no nordeste do Rio Grande do Sul, e pretende plantar 600 hectares de milho e 20 de hectares de feijão para este verão e nada de soja. Na safra anterior, ele plantou 120 hectares da oleaginosa e 200 hectares do cereal.

“Existe uma perspectiva de preço baixo. Mas nunca se sabe o que vai acontecer. É sempre bom fazer rotação de culturas”, explicou Vieira, que comprou uma colheitadeira S540 da John Deere.

 

Fonte: Agrolink

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