O Grupo de Trabalho Pecuária Sustentável (GTPS) lançou na quarta-feira, 20, em São Paulo, o programa Pecuária Sustentável na Prática, que pretende investir R$ 12 milhões em assistência técnica e recursos em propriedades rurais de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Rondônia e Pará. Do total, R$ 3 milhões virão do fundo do governo holandês Farmer Support Programme (FSP) e o restante será financiado pelos associados do GTPS, que é formado por varejistas, frigoríficos, associações de pecuaristas e entidades ambientalistas.
O objetivo é apoiar as boas práticas, publicar um Guia de Pecuária Sustentável, elaborar e testar um modelo de capacitação de multiplicadores de ATER e desenvolver e testar indicadores setoriais do GTPS. A meta do projeto é atender uma área de 800 mil hectares de pastagens em propriedade de 856 pecuaristas.
“De acordo com levantamento realizado pelo grupo, essas propriedades apresentaram problemas comuns de gestão inadequadas, condições precárias da pastagem, falta de assistência técnica e dificuldade de acesso ao crédito”, conta Eduardo Bastos, presidente do GTPS.
Bastos acrescenta que o programa irá até 2015 e envolverá 24 parceiros nos 5 estados, entre produtores, frigoríficos, supermercados e ONGs. Sete projetos locais servirão de laboratório para implantar unidades demonstrativas, treinar técnicos e testar indicadores de melhoria contínua.
Diretrizes
Tema muito debatido atualmente em todo o mundo, a sustentabilidade da pecuária deve atender as diretrizes da ONU (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), que se baseiam no tripé: preservar o meio ambiente, ser socialmente justo e ter eficiência econômica.
No entanto, segundo o presidente da APPS (Associação dos Profissionais de Pecuária Sustentável), Rodrigo Paniago, poucas sabem que, para ser sustentável, é preciso cumprir as normas da ONU e, por isso, focam mais a questão ambiental.
“É fundamental o uso de boas práticas agropecuárias, em especial as relacionadas à segurança e às condições adequadas de trabalho para os funcionários; realizar o descarte adequado de embalagens e resíduos e fazer um plano de adequação ambiental”, sugere.
“Se considerarmos respeito ao meio ambiente, equidade social e eficiência econômica, não existe quase nada sustentável no Brasil, há apenas um esforço com o objetivo de reduzir o impacto sobre o meio ambiente, olhar mais para as pessoas, para a segurança alimentar e o conforto e dos animais”, analisa André Novo, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste.
“Reduzir o uso da água e dos recursos naturais, cuidar do solo, diminuindo a contaminação, proporcionar bem-estar animal, que inclui conforto e ambiência, também têm um impacto muito grande na pecuária”, comenta.
O presidente da APPS considera importante o uso de tecnologias que contribuem para o aumento de produtividade, mas sem deixar de lado técnicas conservacionistas e os cuidados como solo.
“Todo produtor rural que busca aumento de produtividade está caminhando para a sustentabilidade, mas a única forma de obtê-la é com o bom uso das tecnologias”, observa.
Paniago também destaca a importância da igualdade social. “A eficiência econômica do produtor é fundamental para que não só a sua família possa garantir uma evolução do bem-estar, mas também para os funcionários, afinal, todos devem ter as mesmas oportunidades para obter uma melhor qualidade de vida”, conclui.
Por Equipe SNA/SP