Após um período de queda no rebanho e oferta menor de carne bovina, os Estados Unidos se recuperaram e agora querem se posicionar melhor no mercado externo. A produção de carne deste ano subiu para 12 milhões de toneladas, e as exportações para 1.24 milhão de toneladas. As vendas externas americanas de 2017 devem superar em 37% as de cinco anos.
Na busca por novos mercados, os Estados Unidos foram bater às portas de China, que retomou o comércio com os americanos nas últimas semanas. O mercado chinês estava fechado para os Estados Unidos havia 14 anos, desde a ocorrência de um caso de vaca louca, em 2003, no Estado de Washington.
Os participantes do mercado de carnes dos Estados Unidos entendem que esse é um bom momento para voltar a vender para a China. Na avaliação deles, o Brasil, maior exportador para o país asiático, está às voltas com os escândalos no setor. Já a Austrália, outro forte concorrente, tem a oferta de carne bovina apertada, devido às secas no país.
Além disso, a China tem se tornado um crescente importador de carnes. Em 2013, o país importou 412 mil toneladas de carne bovina. Neste ano, serão 950 mil toneladas, segundo estimativas do USDA. Os chineses, com mais renda, aumentam ano a ano o consumo de proteínas. As mais recentes estimativas indicam um consumo de 5,5 quilos per capita de carne bovina, com evolução de 33% em quatro anos.
A dependência externa de proteínas do país vai continuar. O crescimento do consumo interno provoca uma redução do rebanho, atualmente abaixo dos 100 milhões de cabeças – queda de 4% em três anos. Com a reabertura do mercado chinês para os Estados Unidos, o Brasil ganha mais um forte concorrente na disputa por esse país asiático.
Os números de 2016 indicam a importância da China para o Brasil. Os brasileiros exportaram 166 mil toneladas de carne bovina “in natura”, industrializada e miúdos, para os chineses, 69% mais do que em 2015, segundo a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).
Câmara lotada
A China passou a ser também uma grande importadora de carne suína. Nas últimas semanas, no entanto, pisou no freio nas compras dessa proteína. Os chineses estão com as câmaras frias abastecidas. A presença menos frequente deles no Brasil fez as vendas externas totais de carne suína do Brasil recuarem 29% neste mês, em comparação a junho de 2016.
Os americanos exportaram 23% menos em abril para esse país asiático, em relação a igual mês de 2016, e os europeus venderam 52% menos nesse mesmo período.
Fonte: Folha de S. Paulo