O Brasil foi escolhido para sediar a reunião anual da World Cocoa Foundation- WCF (Fundação Mundial do Cacau), em 2018, que definirá ações voltadas às parcerias público-privadas do setor cacaueiro internacional visando a sustentabilidade da cacauicultura em todo o mundo. O encontro, “Partnership Meeting” (Reunião de Parceiros), será realizado em São Paulo, de 23 a 24 de outubro do próximo ano, com a participação dos países produtores e consumidores de cacau, o que renderá ao país convênio com benefício voltado à cadeia produtiva brasileira.
Representantes do setor produtivo brasileiro veem com otimismo essa parceria. O diretor-executivo da Associação Nacional das indústrias de Cacau (AIPC), Eduardo Bastos disse a volta recente do cacau à pauta nacional. Ele acredita que o esforço de entidades internacionais para o desenvolvimento da cacauicultura sustentável neste momento proporcionará ganhos consideráveis ao setor e consequentemente ao País.
“Nunca tivemos ocasião tão virtuosa com novas lideranças, tanto no setor público, quanto no privado. É preciso aproveitá-la e fomentar a capacidade do setor para o avanço da produtividade”. Ele disse que o MAPA, por meio da Ceplac, tem uma função vital como coordenador público dessa cadeia produtiva e o protagonismo visto nos últimos meses pode ser alavancado ainda mais com uma parceria desse porte com a WCF.
Eduardo Bastos acredita na necessidade de coalização entre atores públicos e privados para dar o salto desejado na produção e voltar a atender a demanda interna, além de gerar excedentes exportáveis. O desafio é produzir mais 200.000 toneladas anuais em, no máximo, 10 anos. Nos últimos, 30 anos o país saiu de um patamar de produção de 450.000 toneladas para cerca de 150.000 toneladas ano. O País tem todas as condições para voltar a ser uma potência na produção de cacau e chocolate, disse Bastos.
Para a retomada do crescimento da cacauicultura, segundo ele, é imprescindível fomentar o adensamento (replantio) de áreas na Bahia, em conjunto com projeto de manejo da cabruca (técnica que corta apenas algumas árvores exóticas para reduzir o excesso de sombreamento). No Pará, no extremo sul da Bahia, Rondônia e no Espírito Santo, é necessário recuperar pastagens degradadas nas florestas produtivas de cacau, em sistemas agroflorestais, chamados de SAF’s, disse.
“O Brasil é um dos únicos países do mundo a reunir a cadeia produtiva do cacau em um único território, além de ser referência mundial em muitas cadeias agrícolas. O evento dará oportunidade para que o país apresente ao mundo seu potencial no setor cacaueiro. Também possui instituições de reconhecimento internacional, como é o caso da própria Ceplac”, disse o consultor da WCF no Brasil, Pedro Ronca, acrescentando que a realização da 17ª reunião no País, sinaliza o reconhecimento do setor.
O evento reúne líderes de sustentabilidade de cacau de todo o mundo para discutir os recentes desenvolvimentos e melhores práticas e, além disso, segundo Ronca, ajudará a recolocar o Brasil de volta no mapa mundial do cacau. A World Cocoa Foundation (Fundação Mundial do Cacau) é uma associação que reúne mais de 100 membros que representam mais de 80% do mercado de cacau no mundo.
A Fundação organiza anualmente o “Partnership Meeting” (Reunião de Parceiros) alternando-se em um país consumidor e pais produtor. Participam representantes dos governos dos países produtores e consumidores de cacau, indústrias e organizações da sociedade civil, instituições doadoras e outros.
Muitos países já foram beneficiados pela fundação. Entre os benefícios mais relevantes estão a aproximação do setor público com o setor privado, considerando que um depende do outro e que se cria a possibilidade de monitoramento conjunto com avaliação de práticas de sustentabilidade. Isso permite a geração de dados mais precisos e consistentes viabilizando o processo de melhoria continua. Na África, um dos benefícios implantados pela CocoaAction, é o fomento a uma melhor organização da cadeia por meio de apoio ao desenvolvimento de governança.
Sua implantação no Brasil poderá beneficiar setores da cadeia produtiva. O mais importante é a iniciativa de trabalho coletivo, ouvindo demandas e sugestões de integrantes da cadeia produtiva, que propõem ações para melhoria continua e solução de grandes gargalos. O CocoaAction é um facilitador do processo. No caso específico do Brasil, deve haver apoio a melhor organização e alinhamento do setor em questões comuns, possibilidade de medir e reportar coletivamente a sustentabilidade no campo, obtenção de recursos em fundos nacionais e internacionais a serem direcionados a interesses comuns da cadeia.
O Consultor da WCF disse que a fundação também acompanha a reformulação da Ceplac, o que está sendo visto com bons olhos, e que o departamento já se configura como resposta a uma forte demanda do setor. “Ouvimos muitos atores da cadeia reconhecerem a grande importância da Ceplac, mas cobram modernização e atuação para resultados melhores”, disse Pedro Ronca.
Com a reformulação, espera-se que a Ceplac ganhe em agilidade, eficiência e disponibilização de soluções para o setor. Uma parceria público-privada, como a apresentada pela WCF, por meio do CocoaAction, pode trazer benefícios como a contribuição para apoiar a melhor integração da cadeia, além de potencializar o seu trabalho e o de outras instituições via parcerias e sinergias, disse.
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento