“Agro precisa aproveitar alta das commodities para reduzir endividamento”, afirma Fava Neves

Produção de cana: alta do açúcar foi um dos fatores que motivou o novo aumento, em fevereiro, do Índice Global de Preços de Commodities Alimentares da FAO. Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil.

O Índice Global de Preços das Commodities Alimentares, divulgado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), atingiu 116 pontos em fevereiro, em plena pandemia mundial. É o mais alto registro desde 2014, após oito meses de aumentos sucessivos.

“Somente nos últimos 12 meses, o índice que registra a média global dos preços das commodities subiu 15%”, informou o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e especialista em planejamento estratégico do agro, Marcos Fava Neves.

Segundo a FAO, a alta verificada em fevereiro foi motivada por um crescimento considerável nos subíndices de açúcar e óleos vegetais. Em menor proporção, cereais, laticínios e carnes também registraram aumentos.

“O agro deve aproveitar ao máximo esse momento de alta e de câmbio favorável para fazer uma ‘limpeza’ em seus passivos e reduzir o endividamento”, disse Fava.

Ele ressaltou ainda que o setor precisa investir para ficar mais competitivo e se preparar para ter margens nas cadeias produtivas quando os preços voltarem a cair.

A sucessão de altas no índice da FAO, segundo o diretor da SNA, pode ser explicada por fatores como o dólar e o consumo. “Esse índice é medido em dólar e houve uma desvalorização do dólar perante as moedas mundiais, exceto pelo Real, que se desvalorizou mais”.

Além disso, continuou Fava, “o consumo das commodities (grãos) está muito forte nesse período de crise. Nos últimos dez anos registrava um aumento anual de cerca de 40 milhões de toneladas, e nos últimos 12 meses subiu para 52 milhões de toneladas”.

Outros fatores

Aliado ao aumento do consumo, a influência dos eventos climáticos na capacidade produtiva, a forte atuação dos fundos de investimentos no mercado e a alta do petróleo, que impactou no preço do combustível e no custo de produção, influenciando fretes, fertilizantes, entre outros, também colaboraram para as altas anunciadas pela FAO.

“Esses aumentos provocaram inflação e a piora do quadro de fome no mundo. Houve também um comportamento de países e de empresas para acelerar a obtenção de estoques diante da pandemia e da possibilidade de desabastecimento”, completou o especialista.

Oportunidades

“É um momento difícil, mas que traz oportunidades”, disse o diretor da SNA. “Há uma chance muito grande de o Brasil se consolidar, ainda nessa década, como o maior exportador mundial de grãos e maior fornecedor mundial de alimentos, bionergia e outros agroprodutos”.

 

Fontes: Doutor Agro/Valor

Equipe SNA

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