O Brasil terá uma grande oportunidade para trabalhar a imagem do agro e do produtor rural no exterior, com a realização, ainda este ano, de três eventos multilaterais envolvendo a Organização das Nações Unidas (ONU).
O Encontro de Cúpula dos Sistemas Alimentares, programado para setembro, e que tem como meta alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS); a COP 15, conferência sobre Biodiversidade, que será realizada em outubro, com foco na renovação as Metas de Aichi, e a COP 26, conferência sobre o Clima, calcada no Acordo de Paris e prevista para novembro, favorecem a possibilidade de o País reverter as perspectivas negativas que afetam a negociação e a comercialização de seu agronegócio.
A afirmação é do economista e diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Márcio Sette Fortes. Segundo ele, “as denúncias de desmatamento de que o Brasil é alvo, entre outras, arrastam o agro para o centro do problema, muitas vezes, sem distinguir o produtor que respeita as normas ambientais daquele que não as respeita, e que é minoria.”
Para Fortes, “as alegadas preocupações ambientais também servem para disfarçar interesses protecionistas, camuflados sob a roupagem de campanhas acusatórias, sendo algumas altamente difamatórias”, destacou o diretor da SNA em artigo publicado em O Globo.
Posicionamentos
“Ao apontarem certas mazelas, com o propósito de emperrar o Acordo Mercosul-União Europeia nos parlamentos nacionais, e de respaldar a suspensão de importações de gêneros agrícolas brasileiros, evidencia-se que não é com o futuro do planeta que estão preocupados, mas, sim, em assegurar a seus próprios produtores rurais um futuro”, pontuou Fortes.
Ele observou ainda que, nos encontros multilaterais que serão realizados no âmbito da ONU, é importante impedir que os posicionamentos das nações denunciantes resultem em uma posição majoritária, fato que deixaria o Brasil isolado, e com a possibilidade de gerar graves prejuízos às exportações brasileiras do agro.
Nesse sentido, enfatizou Fortes, “merece destaque a ratificação pelo Brasil, em março de 2021, do Protocolo de Nagoia, que credencia o País a deliberar na COP 15 sobre a proteção da biodiversidade. A ratificação reafirma o compromisso com o desenvolvimento sustentável.”
Valorização
Ainda segundo o diretor da SNA, a participação brasileira nestes eventos merece ser valorizada. “Por um lado, por meio de uma estratégia de contenção das acusações que apresente números realistas, ‘auditados’ por sensoriamento remoto. Por outro, deve ser igualmente valorizada por uma estratégia que dê ampla publicidade a medidas sustentáveis defendidas por produtores e entidades rurais, de que é exemplo o modelo de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.”
Além disso, complementou Fortes, “o compromisso oficial de combater o desmatamento, aplicando o Código Florestal, deve ser repetido à exaustão.”
Ganhos
Por fim, o diretor enfatizou que “o encapsulamento das divergências poderá evitar maiores perdas, até mesmo podendo ensejar ganhos adicionais de comércio, até o limite da noção de segurança alimentar dos países importadores.”
“Que sejamos sábios para reverter tendências e conciliar a responsabilidade ambiental com o desenvolvimento econômico”, concluiu Fortes.
Equipe SNA