Um estudo divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA) indica que o Brasil poderá expandir em 45% sua área irrigada até 2030, com a possibilidade de atingir dez milhões de hectares. Segundo o órgão, entre 1960 e 2015, a área irrigada no País aumentou de forma considerável, passando de 462.000 hectares para 6.95 milhões de hectares.
A média de crescimento estimado, de acordo com a pesquisa, corresponde a pouco mais de 200.000 hectares ao ano, enquanto o potencial efetivo de expansão da agricultura irrigada é de 11.2 milhões de hectares. Nesse contexto, informou a agência, o Brasil está posicionado entre os dez maiores países irrigantes do mundo.
Segundo analistas, o resultado do estudo comprova que a irrigação é fundamental para ampliar a produção de alimentos no mundo. Além de garantir segurança ao produtor, reduzindo os impactos climáticos, a técnica ainda é um importante instrumento para o uso racional da água.
Especialistas ressaltam que, com o uso de tecnologias, é possível irrigar no momento certo, no lugar correto e com a quantidade necessária para que a planta não sofra estresse hídrico, gerando economia do recurso e maior produtividade da lavoura.
“Por todos esses benefícios, acreditamos que a irrigação é a quarta revolução agrícola do Brasil”, disse Eduardo Navarro, diretor geral de uma empresa focada em soluções para irrigação, infraestrutura e tecnologia industrial, durante recente encontro em Campinas (SP), reunindo revendedores e distribuidores.
Inovações
Segundo ele, a primeira grande revolução no agro foi o calcário. “O insumo foi o principal responsável pela recuperação de áreas degradadas. Os produtores passaram a fazer uso do calcário para alcançar níveis maiores de produtividade. Na sequência veio o plantio direto, que protegeu o solo da degradação, ou seja, conseguiu manter uma unidade e proteção na seca, isso também aumentou muito a produtividade”.
A técnica também foi responsável pela redução de custo de máquinas, devido à eliminação da necessidade de gradear ou arar a terra para poder plantar. Posteriormente, a biotecnologia agregou produtividade, reduzindo o uso de inseticidas e herbicidas. Soja e milho geneticamente modificados trouxeram muito mais produtividade e redução de custo para o produtor.
“A quarta revolução é o advento da agricultura irrigada, a única tecnologia hoje capaz de agregar de 20% a 40% de produtividade, possibilitando até cinco safras a cada dois anos”, destacou Navarro.
Momento de transição
Para José Luís Coelho, consultor em agronegócio que participou do encontro em Campinas, “estamos vivendo um momento de transição que será um grande divisor de águas para a agricultura brasileira. Se olharmos para a competitividade que temos no agronegócio brasileiro em relação às outras regiões do mundo, devido aos fatores naturais, de cara já saímos em vantagem”, disse.
“Primeiro pelo fato de estarmos em uma agricultura tropical, que garante duas safras por ano, coisa que nenhum outro país no mundo consegue. Mas ainda não é o suficiente, precisamos crescer ainda mais”, acrescentou Coelho.
“O mundo deve chegar em 2050 com aproximadamente 10 bilhões de habitantes e para isso precisaríamos aumentar em 75% a produção de alimentos que existem no planeta. E só tem dois lugares no mundo que é possível fazer isso: na África e na América do Sul”, declarou o consultor.
“A África, devido aos problemas sociais e outros entraves, ainda vai ter dificuldade. Mas, aqui na América do Sul, o Brasil está usando apenas 9% do seu potencial agrícola para fazer essa expansão”.
“Com isso, esse crescimento mundial passa por aqui, será de forma verticalizada e a irrigação tem um grande diferencial, pois é a única tecnologia onde é possível aumentar em algumas culturas até 100% da produtividade”, ressaltou Coelho. “O agronegócio brasileiro já é o futuro e a irrigação é o principal elemento desse futuro”.
Fonte: Agrolink, com informações de assessoria
Equipe SNA
