Brasil na presidência do G20: relevância e perspectivas para o Agro

 

O Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira, profere discurso por ocasião da abertura da reunião de Ministros das Relações Exteriores do G20, no Rio de Janeiro. Foto: Márcio Batista/MRE

 

Novidades no comando e formato

Ao longo de 2024, o Brasil ocupa a presidência rotativa que grupo reúne as 19 principais economias do mundo, a União Europeia e, a partir deste ano, a União Africana Na semana passada, os chanceleres e diplomatas dessas nações se encontraram no Rio de Janeiro, que também será a sede da cúpula dos chefes de estado e de governo, em novembro. Foi o primeiro grande evento de um calendário repleto de reuniões e grupos de trabalho que, nos próximos meses, acontecerão em várias cidades nacionais e no exterior.

Entre a variedade de temas debatidos, muitos dizem respeito ao futuro da agropecuária brasileira, uma vez que serão realizados fóruns de discussão sobre meio ambiente, mudanças climáticas e sustentabilidade. Serão chances valiosas para o país apresentar a parceiros e no mercado global os avanços alcançados para produzir mais e melhor, respeitando as diretrizes sanitárias e as demandas crescentes por uso de energia limpa e preservação dos biomas.

Não por acaso, o Brasil escolheu para sua presidência rotativa o lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”, e o Grupo de Trabalho da Agricultura já iniciou suas atividades, através de uma videoconferência,no último dia 19 de fevereiro. O colegiado reúne representantes de 30 países e mais 30 organizações internacionais.O Ministro Carlos Fávaro, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, fez o discurso de abertura e destacou a proposta brasileira de promover as discussões dentro de eixos temáticos envolvendo segurança em sistemas agroalimentares.

 

Outras pautas e objetivos

Essas prioridades receberam respostas positivas dos demais participantes, e deverão pautar os próximos encontros, presenciais, que acontecerão em Brasília nos dias 29 e 30 de abril e 15 a 17 de maio; e em Pernambuco de 11 e 12 de junho. Também ocorrerá a reunião ministerial em Mato Grosso de 10 a 13 de setembro. Por fim, haverá o último encontro na cúpula de novembro, no Rio de Janeiro. É esperado um documento técnico sobre o resultado dos debates ao fim de todo o ciclo, com diretrizes comuns para o desenvolvimento sustentável da agropecuária nos países participantes.

Com o objetivo de promover a cooperação internacional para tratar de questões essenciais para a agricultura mundial, como a segurança alimentar, a agricultura sustentável, inovação tecnológica e adaptação às mudanças climáticas, o Grupo tem, além do MAPA, a coordenação dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), da Pesca e Aquicultura (MPA), das Relações Exteriores (MRE) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Além de divulgar as boas práticas e ouvir sugestões de outros países, o governo quer tentar derrubar possíveis barreiras comerciais aos produtos no campo. Isso porque, com a transparência e troca de informações, é menor o risco de que outros países ou blocos comerciais tomem decisões unilaterais que possam afetar parcerias, com base em dúvidas que pairem sobre os meios de produção.

O desmatamento é outro ponto frequentemente levantado por interlocutores do Brasil, e nesse sentido o poder público procura demonstrar que já houve redução significativa das taxas e programas bem-sucedidos de restauração das vegetações nativas.Com efeito, os olhares estão voltados para o anfitrião do G20, em especial os árabes, que já sinalizaram a vontade de investir em açúcar, grãos e proteína animal.

 

Posição estratégica para o futuro

Num ciclo em que fenômenos como El Niño e La Niña contribuíram para ondas de calor sem precedentes no território nacional e impactaram nas emissões de gases causadores do efeito estufa, os gestores públicos estão cada vez mais atentos na formulação de políticas e cálculos de orçamentos para contemplar esses fatores e permanecerem um passo a frente de possíveis revezes. Cabe lembrar que o Brasil também sediará, em 2025, a COP 30, a Conferência das Nações Unidas para o Clima, que acontecerá em Belém.

Com o compromisso de não avançar sobre novas áreas, a saída será aumentar a produtividade em até 28% na próxima década para atender o crescimento da demanda mundial, segundo estudo encomendado pelo G20 para a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Unindo sustentabilidade, segurança alimentar e disponibilizando o melhor da expertise e tecnologia aos produtores de todos os portes, o país se credencia ainda mais para seguir como protagonista nessas discussões e tornar menos penoso o trabalho no campo. Isso fará crescer as safras, exportações e parcerias, sem prejuízo da preservação e permanente atualização das boas práticas.

Por Marcelo Sá – jornalista/editor (MTb 13.9290)  marcelosa@sna.agr.br
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