Brasil lidera investimentos em pesquisa agrícola na América Latina

O investimento em pesquisa agrícola no Brasil é bastante superior ao de seus vizinhos na América Latina. Este é um dos principais resultados do estudo sobre investimentos, capacidades e desempenho em pesquisa e desenvolvimento (P&D) que a Embrapa acaba de realizar em parceria com o Instituto Internacional de Pesquisa em Políticas Alimentares (IFPRI), vinculado ao Conselho de Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR).

No estudo foram analisados indicadores de Ciência e Tecnologia (C&T) relacionados a recursos humanos, investimento financeiro, produção científica e produção tecnológica das principais instituições públicas que compõem o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação Agrícola do Brasil: a Embrapa, as Organizações Estaduais de Pesquisa Agrícola (OEPAs) e as instituições de ensino superior em pesquisa agrícola.

Na Embrapa, o trabalho foi coordenado pela Secretaria de Gestão e Desenvolvimento Institucional (SGI) e contemplou o período de 2007 a 2013, em continuidade ao estudo anterior, concentrado no período de 1996 a 2006.

Essa parceria com o IFPRI, por meio da iniciativa ASTI – Agricultural Science and Technology Indicators, vem adquirindo cada vez mais importância devido à crescente ênfase, em escala mundial, no papel crítico das atividades de P&D na promoção do crescimento econômico, segurança alimentar e redução da pobreza no mundo em desenvolvimento, particularmente na agricultura. Mais informações sobre esse trabalho podem ser obtidas aqui.

Principais resultados

Entre seus principais resultados, o estudo “Investimentos, Capacidades e Desempenho da P&D Agrícola no Brasil” revela o crescimento de 46,3% nos gastos do Brasil com P&D agrícola no período 2006-2013, principalmente devido ao crescimento ocorrido na Embrapa e nas universidades federais. Os gastos de 2013 equivalem a 1,82% do PIB agropecuário, a maior participação registrada dentre os países da América Latina naquele ano.

Além disso, houve um aumento de 82% no número de registros de cultivares no Brasil entre 2007 e 2013. Tais registros se concentraram nas culturas de milho, soja e tomate e foram liderados pela iniciativa privada. Entre as cultivares registradas pela Embrapa predominam soja, milho, sorgo, laranja, tomate e feijão, enquanto as OEPAs direcionaram esforços em cultivares de laranja, oliveira, feijão e seringueira.

No âmbito da transferência de tecnologia, a Embrapa e as OEPAs realizaram 2.108 cursos de capacitação em 2013, envolvendo mais de 41 mil produtores e extensionistas públicos e privados. Mais de 5 mil outros eventos foram realizados para os produtores no mesmo ano, incluindo dias de campo.

No quesito recursos humanos, verificou-se a elevada concentração de pesquisadores nos três principais países da América Latina – Brasil (29%), Argentina (29%) e México (19%), totalizando 77% dos pesquisadores da região em 2013.

Comparado a outros países, o Brasil empregou o maior número de pesquisadores doutores nas instituições de pesquisa e ensino agrícola (72,5%), investimento muito maior que o do México (47,5%), do Chile (36,8%) e da Colômbia (22,5%), por exemplo.

Segundo Rosana Guiducci, pesquisadora da SGI e coordenadora da pesquisa na Embrapa, esse dados representam um enorme salto quantitativo e qualitativo: “O esforço na formação e incorporação de quadros qualificados observado nas principais instituições de pesquisa pública brasileiras nos anos recentes consolidou a posição de nosso país como o maior sistema de inovação agrícola da América Latina”.

De acordo com o trabalho da ASTI, o Brasil situa-se entre os países que dispõem de um dos mais bem desenvolvidos e financiados sistemas de pesquisa agrícola do mundo em desenvolvimento, ocupando o terceiro lugar em gastos públicos em P&D agrícola, após China e Índia.

A organização de P&D agrícola no Brasil é complexa devido a seu tamanho, ao número de órgãos envolvidos e ao duplo papel dos governos federal e estadual. Das 168 instituições que realizaram atividades de P&D agrícola no País em 2013, a Embrapa respondia por 42% do total de pesquisadores em tempo integral.

No âmbito estadual, destacam-se a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), com 498 pesquisadores em tempo integral, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), com 263, e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), com 167.

Ainda segundo o estudo, nas instituições de ensino superior com atuação em pesquisa agrícola, são 96 universidades federais e estaduais, incluindo faculdades, centros de pesquisa e departamentos agrícolas, além de fundações de pesquisa e agências menores.

Entre estas, destaca-se a Universidade de São Paulo (USP), com 138 pesquisadores em tempo integral, particularmente a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), sediada em Piracicaba. Já as instituições privadas sem fins lucrativos desempenham um papel pequeno, representando menos de 3% do total de pesquisadores agrícolas do País.

A P&D realizada por empresas privadas com fins lucrativos é significativa (principalmente as empresas multinacionais), mas a equipe do estudo não teve acesso aos dados sobre essas atividades.

 

 

Fonte: Embrapa

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