O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou que vai liberar uma cota de 750.000 toneladas para importação de trigo sem Tarifa Externa Comum (TEC) para países de fora do Mercosul. “A medida vale para qualquer país, mas sabemos que os Estados Unidos estão mais bem preparados para atender essa política em poucas semanas. Eles serão grandes beneficiados”, informou o Mapa.
O Brasil compra no exterior cerca de 60% do volume total de trigo processado pela indústria moageira nacional. A Argentina é o principal fornecedor, com aproximadamente 90% das importações originadas no país vizinho.
“Com a isenção dos impostos para trigos de fora do Mercosul (equivalendo as condições às do bloco), os trigos chegariam aos moinhos de Santos para cima, praticamente em igualdade de condições. As diferenças, pelo nosso cálculo, seriam irrisórias e perfeitamente negociáveis”, disse Luiz Fernando Pacheco, analista da T&F Consultoria Agroeconômica.
Isto pode afetar a demanda por trigo argentino? Segundo Pacheco, pode sim, na exata medida de 750.000 toneladas. “Ocorre que o Brasil ainda precisa comprar cerca de 2.5 a 3 milhões de toneladas no período abril-agosto (início da próxima temporada) e a Argentina tem estoques muito ajustados. Algo como sete milhões de toneladas, para uma necessidade dos moinhos locais em torno de 3.740 milhões de toneladas, restando 3.260 milhões de toneladas para atender o Brasil e o restante dos seus compromissos internacionais”.
“Se não fosse a possibilidade de compra de 750.000 tons fora do Mercosul, o Brasil seria o único comprador de trigo argentino daqui para frente. Para os moinhos brasileiros, portanto, em termos de custo de matéria-prima, não muda praticamente nada. O que pode mudar seria a qualidade, talvez levemente menor, já que a Argentina teve, como o restante da América do Sul, alguns problemas climáticos na safra 2018/19”, afirmou o analista da T&F.
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