Brasil eleva oferta de alimentos, mas concorrência sobe

A situação econômica do Brasil continua incerta, e os caminhos a serem trilhados voltam a ser tortuosos, como os de há duas décadas. No campo agrícola, no entanto, o cenário é outro.

O País vai continuar perturbando os demais produtores mundiais, inclusive os gigantes como Estados Unidos e União Europeia. É o que mostram estimativas de longo prazo para os setores de grãos e de carnes feitas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos EUA).

A demanda por alimentos continuará aquecida nos próximos dez anos, o que exigirá novas áreas de produção. O Brasil está entre os que poderão elevar a oferta. A área agrícola deverá subir dos atuais 934 milhões de hectares para 982 milhões em 2024, com evolução média anual de 0,5%. A partir da safra 2015/16, por exemplo, o Brasil tomará, em definitivo, a dianteira nas exportações de soja, desbancando os norte-americanos.

O volume brasileiro daquela safra superará, pela primeira vez, 50 milhões de toneladas exportadas, na avaliação do USDA. Em 2024, o País liderará as exportações mundiais de soja, somando 69 milhões de toneladas, ante 50 milhões dos EUA.

Detentor de 33% do mercado mundial das exportações, o Brasil terá 37% de participação nas exportações da oleaginosa em 2024. Na outra ponta, os norte-americanos terão uma redução de 31% para 26% desse mercado no mesmo período.

A China continuará sendo a grande importadora. Sairá de um volume atual de 74 milhões de toneladas para 108 milhões em 2024. Pelo menos 150 milhões de toneladas de soja em grãos vão ser comercializadas entre países produtores e exportadores.

A participação brasileira cresce também nas exportações de milho. O País sairá de um patamar de 19,5 milhões de toneladas do ano passado para 25,3 milhões em 2024, de acordo com o USDA.

As chances são boas para o Brasil também na área de carnes. A demanda mundial por frango vai crescer 2,2% anuais até 2024, enquanto a de carne bovina terá aumento médio anual de 1,3%. No mesmo período, o setor de carne suína terá crescimento médio anual de 1,2%.

Na avaliação do USDA, os custos de produção das carnes serão menores nos próximos anos, devido ao recuo nos preços dos grãos. Esse novo cenário de custos permitirá uma ampliação da oferta de proteínas.

A China, embora com crescimento econômico menor, estará à frente das importações, tanto de grãos como de carnes. Os chineses pisam no freio, no entanto, nas importações de arroz.

Embora o Brasil tenha participação garantida no mercado de grãos e de carnes na próxima década, vai encontrar novos parceiros nessa disputa. E terá de se preparar para esse desafio.

Investimentos agrícolas que vêm sendo feitos em diversos países vão elevar a competitividade no setor. Rússia e Ucrânia estão entre os que investem para obter uma ampliação interna de alimentos e elevar a participação externa, aponta o USDA.

Mercado externo

O volume exportado de produtos do agronegócio brasileiro recuou 6% no ano passado em relação ao de 2013. No mesmo período, os preços tiveram queda média de 1% em dólar.

Câmbio

Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Devido à desvalorização do real de 1,4% no ano passado, as exportações do agronegócio acabaram tendo um ganho de 0,3%.

Fonte: Folha de S. Paulo

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