Brasil é segundo empregador mundial de postos “verdes” de trabalho

 

A plataforma de negócios e empregos Linkedin anunciou um aumento global de 13,3% em 2022 em empregos “verdes”, aqueles que exigem habilidades ligadas à sustentabilidade e às matrizes energéticas renováveis sendo que, no Brasil, este aumento foi de 10%, colocando o País em segundo lugar mundial entre os maiores empregadores verdes. Em primeiro está a China com 42% dos 12,7 milhões de postos de trabalho mundiais no segmento, segundo dados da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), compilados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O relatório da Linkedin intitulado Global Green Skills Report 2022 e elaborado em parceria com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) mediu também que, no ano passado, cerca de 10% dos anúncios de emprego exigiam habilidades verdes, e que o Brasil é o sexto país no ranking mundial em que os trabalhadores já aplicam currículos para esse viés de emprego. Na listagem das profissões que mais cresceram entre 2016 e 2021 constam: Gerente de sustentabilidade (30%), Técnico de turbinas eólicas (24%), Consultor solar (23%), Ecologista (22%), Especialista em saúde e segurança ambiental (20%).

Entre os setores que mais abrem espaço para funcionários com essa qualificação estão a indústria de energias renováveis – biocombustíveis, solar, hidrelétrica e eólica – o que, em termos de Brasil, acaba levando ao agronegócio com suas políticas de crédito carbono, agroflorestal e conservação ambiental. Nos Estados Unidos o número de empregos em energias renováveis e meio ambiente aumentou 237% nos últimos cinco anos enquanto os do setor de petróleo e gás cresceram apenas 19%.

O economista sênior do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Oliver Azuara, da divisão de Mercados de Trabalho e Seguridade Social do BID, responsável pelo relatório em parceria com a Linkedin, explica que no Brasil destacam-se como empregadores verdes os setores de Agricultura, os Serviços Corporativos e a Manufatura. Azuara aponta que, entre 2015 e 2020, houve uma expansão substancial no Brasil em profissionais que se apresentam como capacitados em Serviços Ambientais, Reconhecimento de Riscos e Plantio de Árvores.

Para Azuara, “O potencial do trabalho verde no Brasil é enorme, seja pelo tamanho da economia ou pelo fato de ser o lar de ecossistemas dos mais relevantes do planeta, rico em recursos naturais e biodiversidade”, e o benefício de “enverdecer” a economia será maior no Brasil do que em qualquer parte do mundo.

A consultoria Mckinsey estima que, para cada dólar proveniente dos benefícios da ação climática, a comunidade local recebe um retorno socioambiental líquido de US$ 1 a US$ 4 em termos de criação de empregos, desenvolvimento local e serviços de ecossistema.

“Esse impacto se traduz na geração de 550 mil a 880 mil empregos líquidos por ano através de projetos de restauração, agroflorestas e REDD+ (incentivo para compensar países em desenvolvimento por medidas de redução de emissões) sendo 57% desses empregos diretos, concentrados no local de implementação dos projetos.”, de acordo com o sócio da McKinsey e especialista em prática de sustentabilidade, Henrique Ceotto. O executivo afirma ainda que profissionais com experiência no mercado de carbono voluntário estão com demanda alta.

Em relatório de 2021, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente salientou a importância do desenvolvimento de uma força de trabalho adequadamente qualificada para a economia verde e apresentou os segmentos em que as carreiras sustentáveis são mais promissoras: ciência, arquitetura, planejamento, agricultura e justiça ambiental.

Um dos fatores que puxa essa busca crescente por qualificação é também a necessidade das empresas de adequação aos padrões ESG. Uma pesquisa da HRtech Mereo com 149 empresas de médio e grande portes de diferentes setores –23 delas listadas na Bolsa–, mostra que 47 companhias (32%) consideram o ESG em suas metas e em seus OKRs (objetivos e resultados-chave, em português) – o que incide diretamente sobre o trabalho das equipes. Entre as organizações de capital aberto, 21% consideram o ESG na hora de definir metas e OKRs.

Fonte: Revista Exame, Infomoney, O Estado de S. Paulo
Equipe SNA
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