Autoridades dos governos de Brasil e China estão finalizando um protocolo que estabelece padrões fitossanitários para que processadoras domésticas exportem farelo de soja ao país asiático. A informação é do presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar.
As diretrizes permitirão que as empresas exportem e eventualmente possam competir com os processadores de soja da China, algo que não ocorre atualmente.
A mudança ocorre à medida que processadoras locais têm a necessidade de aumentar o esmagamento para produzir mais biodiesel, elevando a mistura local do biocombustível. Dessa forma, a produção adicional de farelo de soja, um subproduto, precisaria de novos compradores.
“O Brasil exporta muito mais soja em grãos do que em farelo, e o setor preferiria um melhor equilíbrio”, disse Nassar. O país deve processar 43 milhões de toneladas da oleaginosa em 2019.
Até 2023, o esmagamento deve avançar em nove milhões de toneladas, conforme o governo eleva para 15% a quantidade obrigatória de biodiesel a ser misturada ao diesel (contra 11% atualmente), estimou a Abiove.
Nassar afirmou que as autoridades brasileiras estão em negociações avançadas para concluir o protocolo fitossanitário destinado à exportação do produto, embora não haja uma data estabelecida para seu anúncio e implementação.
“Um protocolo similar está em vigor para a venda de farelo de algodão do Brasil para a China”, acrescentou o presidente da Abiove. “A associação não espera que a China deixe de comprar soja em grãos e passe a adquirir farelo de soja do Brasil quando o protocolo entrar em vigência”.
Para Nassar, 2020 será o ano de abertura de novos mercados. “Ainda há trabalho intenso para abrir mercados para produtos de maior valor agregado”.
Hoje, a União Europeia compra cerca de metade do farelo de soja do Brasil, ou oito milhões de toneladas. Já as exportações de soja em grão do País devem totalizar 72 milhões de toneladas neste ano, com cerca de 80% indo para a China, segundo a Abiove.
Reuters