A melhoria nos preços pagos aos produtores e o menor custo de produção com dieta são os principais fatores de crescimento do rebanho confinado em 2015, que deverá totalizar 5,19 milhões de cabeças, representando 520 mil cabeças a mais em relação ao ano passado (4,67 milhões), um aumento pouco acima dos 10%.
Os dados foram levantados pelo Rally da Pecuária, expedição realizada pela Agroconsult, que percorreu dez Estados brasileiros, entre abril e junho, para apurar informações sobre confinamento, oferta de animais de reposição, gado para abate e condições de pastagem.
Segundo o coordenador da expedição, Maurício Palma Nogueira, “o número só não será ainda maior porque os grandes confinamentos estão com dificuldades de originar bois magros para terminar no chocho”.
Outro dado levantado durante a expedição e que pode influenciar na pressão dos preços pagos ao produtor refere-se ao abate, que deve aumentar 245 mil cabeças em relação ao ano passado. A produção de carne, estimada em 10,1 milhões de toneladas, deve crescer 58 mil toneladas, o que representa uma evolução de 0,6% na mesma comparação.
“Em razão da atratividade da nutrição, espera-se, além da ampliação no abate de machos, que a retenção de fêmeas será uma contínua”, analisa Nogueira.
Para André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult e um dos organizadores do Rally, um fato que vem chamando a atenção é a entrada dos agricultores na atividade pecuária.
“Por serem mais tecnificados e estruturados, alguns agricultores têm investido na compra e venda de animais, participando como traders nesse mercado. É uma forma de fazer fluxo de caixa nos momentos de baixa na agricultura”, observa.
MERCADO EXTERNO
Nogueira acredita que a abertura do mercado dos Estados Unidos, anunciada dia 29 de junho, abra a possibilidade de outros países voltarem a consumir a carne brasileira, como Japão e México, por exemplo, além da expectativa do retorno da China a esse ciclo, mas nada muito promissor para o segundo semestre deste ano.
“Tivemos uma queda de 15% nos cinco primeiros meses de 2015 e a perspectiva, com a abertura de novos mercados, é de recuperação das exportações no segundo semestre para igualar ao volume de 2014”, estima.
PREÇOS
Com relação aos preços da arroba, a expectativa, na opinião do coordenador do Rally, é de recuo, no curto prazo, com alta entre agosto e setembro, “porém nada comparado ao que foi projetado para 2014, quando se esperava que a arroba atingisse cerca de R$ 160,00”.
De acordo com Alex Santos Lopes da Silva, analista da Scot Consultoria, o preço dos bovinos de reposição dá sinal de ter atingido o teto.
“Negócios com boi magro abaixo do valor de referência têm crescido”, afirma. Ele acrescenta que, em relação ao mercado do boi gordo, “embora a expectativa para altas grandiosas esteja reduzida, é provável que os preços subam até o pico da entressafra, em outubro e novembro”.
DÚVIDA
Na análise da Scot, a expectativa da pouca reação na cotação do boi gordo no segundo semestre deixa o recriador na dúvida sobre contratar ou não a engorda em confinamento nos boiteis. Nesse sentido, a consultoria simulou situações para os preços da arroba do boi magro e do boi gordo em Goiás. No caso do boitel, foi considerado o preço médio da diária em R$ 6,80 por cabeça.
“É importante lembrar que há diárias menores, o que melhoraria o resultado do confinamento se fossem mantidos os índices produtivos”, diz Silva.
“Se a venda do boi magro for realizada por R$152,00 a arroba, qualquer cenário apresentado para o confinamento traria retornos maiores”, comenta.
“Enquanto isso, o melhor retorno é com o boi confinado e a arroba vendida por R$ 147,25, o equivalente a R$ 155,00 em São Paulo, cenário otimista para o mercado do boi gordo”, analisa.
Silva ainda avisa: “Antes de decidir, entre confinar e vender, é necessário estimar custo e receita, além de considerar o risco, o desembolso e o potencial de ganho do gado confinado, fatores que interferem no resultado do confinamento”.
Por equipe SNA/SP