O governo brasileiro examina “com lupa” a lei agrícola norte-americana para verificar se ela está de acordo com os interesses do setor do algodão do Brasil, que venceu uma disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC) obtendo o direito de retaliar os Estados Unidos por conta de subsídios considerados ilegais.
“Nós estamos no governo brasileiro fazendo uma verificação profunda com lupa da nova lei agrícola americana para ver se de fato atende… os requisitos e os interesses brasileiros”, afirmou nesta quinta-feira o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo.
O Brasil anunciou em dezembro a realização de consultas públicas para avaliar possível retaliação contra os EUA por conta da interrupção no ano passado de pagamentos aos produtores brasileiros de algodão, como compensação pelas perdas geradas pelos subsídios concedidos aos produtores norte-americanos.
Os pagamentos de quase 150 milhões de dólares por ano, acertados em um acordo entre os dois países, deveriam ter sido mantidos até a aprovação de uma lei agrícola dos EUA que atendesse aos interesses brasileiros.
Congressistas dos EUA aprovaram a lei nesta semana.
O ministro disse que o representante comercial dos EUA, Michael Froman, teria assegurado, em encontro na semana passada, que a lei atende a demandas brasileiras.
“Nós temos obviamente uma autorização da OMC de retaliação. Mas, claro, não é isso que nos interessa necessariamente. O que nos interessa é resolver a questão, resolver a pendência, de modo a atender os interesses dos produtores brasileiros”, disse a jornalistas após participar de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
“Todas as possibilidades estão sobre a mesa.”
Figueiredo acrescentou que mantém o diálogo com os norte-americanos para chegar a uma solução.
Segundo Figueiredo, os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior também estão envolvidos na análise da nova legislação norte-americana para concluir se prejudica produtores nacionais e qual a medida a ser tomada, se for o caso.
Fonte: Reuters