Bom momento para o trigo

Os números oficiais ainda não foram divulgados, mas estima-se que o Brasil colheu mais de 5.2 milhões de toneladas de grãos de trigo de dois milhões de hectares plantados em 2019, segundo levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Embora esse volume seja 3,90% menor do que as 5.4 milhões de toneladas do ano anterior, o ânimo dos produtores tende a ser maior para a safra de 2020. Essa perspectiva surge da combinação de fatores como a variação do clima, o desempenho e o padrão de qualidade das lavouras, o avanço na gestão da atividade por parte dos agricultores e até mesmo a relação de toda a cadeia produtiva.

No Rio Grande do Sul, o humor dos produtores é bastante influenciado pelos bons resultados obtidos em 2019. A produtividade média ficou bem próxima de 3.000 quilos por hectare, quase 10% acima do desempenho alcançado em 2018. O volume total da safra é maior que 2.2 milhões de toneladas no estado.

Segundo Fernando Michel Wagner, gerente comercial Latam da Biotrigo Genética Ltda., o trigo gaúcho vem evoluindo não só em rendimento, mas também em qualidade. “Houve maior investimento no desenvolvimento em variedades com padrão de qualidade superior e que atendem adequadamente à demanda da indústria”, disse.

O executivo aposta no aumento da área plantada de trigo em 2020 no Rio Grande do Sul. “Devemos ultrapassar os 800.000 hectares”, disse Wagner. Em 2019, foram quase 758.000 hectares.

Esse crescimento se origina também da percepção dos agricultores quanto à importância do cultivo do trigo em rotação com o cultivo da soja. Para o gerente da Biotrigo, o trigo é um guarda-costas da soja, pois também ajuda a diluir os custos da atividade durante o ano.

No caso do Paraná, Wagner acredita que a área plantada neste ano deve aumentar entre 8% e 10% em relação a 2019, quando foram cultivados mais de um milhão de hectares. Um dos motivos é o atraso no plantio da soja, consequência da seca nos meses de setembro e outubro, que vai impactar na programação e execução do plantio do milho de segunda safra.

“Diferente do Rio Grande do Sul, onde há muitas áreas de pousio, no Paraná o trigo disputa o espaço com o milho. Mas quem ainda não adquiriu as sementes do milho pode ficar com receio de perder o ponto preferencial de plantio do grão, e de colocar em risco o nível tecnológico da lavoura, e optar pelo trigo. Principalmente no norte e no oeste do estado”, afirmou o gerente da Biotrigo.

A expectativa também é positiva para São Paulo, inclusive pela forte demanda, devido à grande concentração da indústria. “Tudo o que se produz é vendido rapidamente”, disse Wagner.

Em Minas Gerais, o estímulo à cultura vem do valor agregado, pois o trigo de sequeiro é colhido um pouco mais cedo e chega ao mercado quando a indústria mais precisa. “Quanto mais próximo estiver o moinho da área de produção, melhor, pois ainda reduz o custo com logística”, explicou o executivo.

Toda essa perspectiva e os resultados dos campos de trigo passam também pelo manejo sanitário. Em especial pelo controle de doenças como brusone, causada pelo fungo Pyriculariagrisea; giberela, provocada pelo fungo Gibberellazeae Fusariumgraminearum, e oídio, ocasionada pelo fungo Blumeriagraminis. Estas representam grande desafio para os triticultores, pois provocam perdas expressivas de rendimento.

Uma boa estratégia para o controle das doenças é escolher adequadamente as variedades mais adaptadas para cada região e adotar o manejo fitossanitário eficiente de proteção das lavouras, com a aplicação correta dos defensivos agrícolas.

 

BASF

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