Boi: Custo de produção na pecuária de corte aumentou entre 17,88% e 22% em 2021 em relação a 2020 e deve seguir em alta
O dólar ainda forte e a estiagem prolongada no Sul do País, que prejudica a safra de grãos, devem manter em alta o custo de produção para a pecuária de corte este ano, assim como ocorreu o ano passado, apontou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/ESALQ-USP), em relatório antecipado ao Broadcast Agro.
Segundo levantamento feito pelo CEPEA em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária de corte aumentou no ano passado em relação a 2020, expressivos 22% no caso das propriedades de cria e 17,88% no das de recria e engorda, considerando-se a “Média Brasil” (AC, BA, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PR, RO, RS, SP e TO).
Os grupos de insumos que mais subiram foram os dos suplementos minerais, dos combustíveis e dos adubos e corretivos de solo.
De 2020 para 2021, os preços dos suplementos minerais subiram 36,80% nas principais regiões de pecuária de cria e 23% nas de recria e engorda. O sal mineral representou 34% dos desembolsos na atividade de cria e 7% dos desembolsos da terminação. Por mais um ano, confinadores também tiveram pressão vinda dos custos da dieta dos animais, os preços das matérias-primas para as rações concentradas oferecidas no cocho subiram 16,60% em 2021.
Na atividade de recria e engorda, pecuaristas enfrentaram, ainda, desafios relacionados à aquisição da reposição, devido à forte valorização do bezerro, vale lembrar que esse cenário também foi registrado em 2020. Com significativa valorização de 18,63% na Média Brasil, a reposição representou 75% dos desembolsos anuais da atividade.
Os Estados que registraram os maiores aumentos nos custos da reposição foram os do Sul, no Rio Grande do Sul, o aumento foi de 40,20%, e no Paraná, de 39%. No Centro-Norte do País, as altas também foram expressivas, de 24,30% em Rondônia, de 22,10% no Pará, e de 20,60% em Mato Grosso. Os aumentos ainda são reflexos da menor oferta de bezerros no campo, tendo em vista as altas taxas de abate de fêmeas observadas em anos anteriores.
Já os preços da soja e do milho, importantes matérias-primas para rações concentradas, iniciaram 2022 em forte alta. “O impulso vem do clima predominantemente seco no Sul do País, que tem levado entidades governamentais e consultorias a reduzirem suas estimativas de produção de grãos para a atual temporada. Esse cenário evidencia que pecuaristas podem enfrentar mais um ano desafiador, com custos de alimentação elevados”, informou o CEPEA.
Suínos: Com excesso de estoques e pequena demanda, preço do animal vivo segue em queda em janeiro
O preço do suíno vivo no mercado independente tem registrado forte queda em janeiro, informou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/ESALQ-USP), em relatório antecipado ao Broadcast Agro.
“Assim, os preços estão no menor patamar real (valores deflacionados pelo IGP-DI de dez/21) desde agosto de 2018 na maioria das regiões”, indicou o centro de estudos. O motivo, segundo o relatório, é o elevado estoque de carne suína no País, já que o setor vendeu menos do que o esperado em dezembro. Há também estoque reforçado de animais, o que deprime mais os preços. Para agravar a situação, janeiro registra, historicamente, consumo menor de carne suína. “Este cenário, por sua vez, está atrelado à menor demanda da população, devido à renda limitada, e ao período de férias escolares.”
Na parcial do mês de janeiro, o preço médio do suíno vivo alcançou R$ 5,61 por quilo na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), até o dia 25, recuo de 18,50% em relação à média de dezembro e de 28,60% na comparação com a de janeiro/2021, em termos reais.
Já no Oeste de Santa Catarina, a queda mensal foi de 18,30%, para R$ 5,13/kg na parcial de janeiro, sendo ainda 42,30% menor do que no mesmo mês de 2021. No Sudoeste paranaense, a média é de R$ 5,10/kg na parcial do mês, quedas de 18,40% em relação a dezembro e de 36,90% na comparação com janeiro/21.
Quanto à carne, na média parcial de janeiro, o pernil com osso negociado no Estado de São Paulo se desvalorizou 8,40% em relação a dezembro e 25% na comparação com o mesmo mês de 2021, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de dez/21), cotado a R$ 10,46/kg. Para a carcaça especial negociada na Grande São Paulo, o recuo mensal foi de 16,40%, com média de R$ 8,49/kg na parcial de janeiro, e queda de 27,70% no comparativo anual.
Além da queda na cotação do animal vivo, a alta dos custos contribui para elevar as perdas no setor produtivo. Segundo apurou o CEPEA, os prejuízos para boa parte dos suinocultores estão entre R$ 250,00 e R$ 300,00 por animal.