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A eleição de Javier Milei para a Presidência da Argentina e, consequentemente, a sua política de expandir as exportações do agronegócio do país, eliminando as “retenciones” (imposto de exportação) do governo anterior, não deve interferir nos mercados para os quais o Brasil já vende carne bovina. A avaliação é do CEPEA/ESALQ-USP.
Segundo o CEPEA, embora a Argentina seja um grande exportador de carne bovina, assim como o Brasil, são “poucos os nichos de concorrência direta”. “Ainda que seja esperado que a Argentina exporte mais, a carne produzida no país é reconhecida por sua qualidade e costuma ser comercializada em segmentos diferentes dos ocupados pela proteína brasileira.”
O CEPEA destaca, também, que os custos de produção na Argentina são muito superiores aos dos brasileiros, “dificultando sua competitividade junto a parceiros do Brasil, mesmo que o governo argentino implemente políticas de ampla abertura comercial”.
Dados do Agribenchmark, iniciativa internacional da qual o CEPEA participa em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mostram que em 2022, o custo de produção no Brasil teve média de US$ 47,90/arroba no sistema a pasto e de US$ 57,40/arroba em confinamento. Já na Argentina, a média do custo a pasto foi de US$ 62,69/arroba, o que representa 31% a mais que no Brasil, e, em confinamento, de US$ 78,02/arroba, diferença de 36%.
Há até uma possível vantagem para o Brasil no aumento das exportações argentinas de carne bovina: os frigoríficos brasileiros poderão ampliar as vendas para o país vizinho. “De qualquer forma, esse comércio tenderia a ser modesto”, indica o CEPEA. “No ano passado, segundo dados do USDA, a importação total por parte dos argentinos de foi de apenas 7.000 toneladas.”
Suínos
As cotações do suíno vivo posto no frigorifico no mercado independente subiram em praticamente todas as praças acompanhadas pelo CEPEA de outubro para novembro. Essa valorização mensal do animal está associada ao aumento da demanda pela carne suína, sobretudo para atender à demanda de fim de ano.
Pesquisadores do CEPEA destacam que nas praças mineiras, especificamente, além da demanda aquecida, a reduzida oferta de animais em peso ideal para abate reforçou o movimento de alta nos preços. No mercado atacadista da carne, entre os cortes mais procurados para as festas de fim de ano, o pernil com osso foi o que registrou a valorização mais expressiva de outubro para novembro.
Para as próximas semanas, agentes consultados pelo CEPEA estão otimistas, à espera de que as vendas continuem aquecidas, fundamentados na entrada dos pagamentos de salários e do 13º.