O mercado de reposição, em especial as categorias mais novas como bezerro e garrote, deve seguir o movimento verificado desde o segundo semestre deste ano, dando lugar a preços mais frouxos em 2017, em relação aos dos últimos anos.
A recuperação da oferta é o principal fator de pressão sobre os preços. Entre os anos de 2011 a 2013, o intenso abate de matrizes provocou um recuo na oferta dos animais de reposição. Posteriormente, a prática de retenção de fêmeas foi elevando gradativamente a disponibilidade dessa categoria. Em 2016, conforme explica o coordenador da divisão de mercado de reposição da Scot Consultoria, Gustavo Aguiar, a oferta (principalmente de bezerros) já começou a demonstrar recuperação – motivo que explica a baixa nas cotações.
A melhora da oferta, aliada ao recuo na demanda pelos pecuaristas (que também sentiram dificuldade de negociar suas boiadas em 2016), fez com que os preços esfriassem. Nos últimos sete dias, o boi magro (R$ 1200/@) e o garrote (R$ 9,50/@) tiveram desvalorização de 0,2%, e o bezerro desmamado (R$ 6/@) de 0,5%.
O levantamento da Scot apontou que, em São Paulo, a relação de troca boi/bezerro R$ 6/@, neste ano caiu 1%. “Em novembro de 2015 eram precisos R$ 8,90/@ do boi para adquirir um bezerro. Neste mês a relação caiu para R$ 7,90/@, indicando o afrouxamento nos preços da reposição”, disse Aguiar.
Para o coordenador, em 2017 o nível de pressão sobre as cotações “irá depender da conjuntura e necessidades do mercado do boi gordo”. Porém, afirma que a tendência é de transição gradual no ciclo pecuário, sem derrocadas expressivas, embora ainda seja muito cedo para determinar um patamar de cotação. Ainda assim não podemos dizer que a possibilidade de redução nos preços das reposições significará melhora na rentabilidade dos pecuaristas, uma vez que “os animais que serão engordados nesse ciclo possivelmente foram adquiridos quando o bezerro estava mais caro”, disse Aguiar.
Boi gordo
Contrariando as projeções de recuperação de demanda no último trimestre deste ano, os preços da arroba vêm apresentando pouca variação neste mês. O problema tem sido o grave recuo da demanda pela proteína em consequência dos entraves econômicos pelo o qual o país atravessa. De acordo com a Scot, na média dos últimos anos, os picos de preços para o boi gordo ocorreram em novembro. A variação média positiva é de 3,1% entre outubro e novembro.
Em outubro e no decorrer de novembro de 2016, contudo, a trajetória de preço da arroba mostra cenário um pouco diferente. Em São Paulo, os negócios com o boi gordo veem dificuldade em superar o intervalo entre R$ 148 a R$ 151/@. Essa falta de reação começa a preocupar quanto ao otimismo na recuperação econômica de 2017 e uma retomada no consumo de carne bovina.
Para Aguiar, os primeiros meses do próximo ano devem ser de mercado mais pressionado, com uma concentração maior da oferta de pasto e ainda dificuldade no escoamento da produção, tanto no mercado interno, quanto por meio das exportações. Na BM&F o contrato futuro janeiro de 2016 indica valorização de apenas 0,43%, com arroba cotada a R$ 151,65.
Além disso, os pecuaristas continuarão enfrentando custos operacionais altos. A projeção “é de margem ainda ajustada em 2017”, considera o coordenador. Sobre a probabilidade de aumento de fêmeas na composição dos abates já nos primeiros meses do próximo ano, Aguiar avalia que a “atividade de recria ainda está rentável e não deve promover uma concentração de abate no curto prazo”.
Fonte: Notícias Agrícolas