O mercado de sucos resistiu à crise financeira e se manteve em expansão no país, em ritmo maior que o do segmento de bebidas não alcoólicas (“soft drinks”) como um todo. E, diante da demanda aquecida e de um consumo per capita ainda baixo, é grande o potencial de crescimento nos próximos anos. É o que mostra a análise setorial “Mercado de Sucos & Agroindústria da Laranja”, publicação lançada pelo Valor nesta semana.
Segundo o trabalho, as vendas domésticas na categoria de sucos, que inclui apenas produtos engarrafados (sucos integrais, néctares, refrescos e água de coco), cresceram 2,5% em 2016, para 2.3 bilhões de litros, e tendem a aumentar quase 3% neste ano.
Cenário traçado pela Euromonitor International considera que, nessa toada, o volume vai superar 2.6 bilhões de litros em 2021. O valor das vendas tem subido ainda mais. No varejo, chegou a R$ 16.2 bilhões em 2016, 10,8% acima que no ano anterior, e deverá atingir R$ 16.8 bilhões em 2017. Para 2021, a Euromonitor projeta R$ 21 bilhões.
A categoria de sucos concentrados (líquidos ou em pó, prontos para beber) também está em expansão, ainda que menor. Conforme a análise, o volume de vendas cresceu 2,4% no ano passado, para 5.8 bilhões de litros, e deverá somar praticamente 6 bilhões de litros em 2017. Conforme a Euromonitor, chegará a 6.5 bilhões em 2021.
No varejo, o valor das vendas subiu 9,8% em 2016, para R$ 7.9 bilhões, e tende a ultrapassar R$ 8 bilhões este ano. A escalada vai continuar até 2021, quando chegará a quase R$ 9 bilhões.
Se o cenário alvissareiro reflete, por um lado, a maior preocupação dos consumidores em ingerir produtos mais saudáveis, por outro premia a elevação da aposta das empresas do ramo no mercado doméstico. Termômetro disso é o número de lançamentos.
Em 2016, o segmento de sucos e bebidas de frutas foi responsável por 31% dos lançamentos de produtos no mercado de bebidas não alcoólicas, em relação a 32% em 2015. E 52% dos sucos lançados no ano passado foram integrais, de maior valor agregado, em comparação a 27% em 2012. Assim, refrescos e néctares, mais baratos, têm perdido participação de mercados para os sucos 100%, segundo dados da Mintel (Pesquisa Global de Mercado).
É marcante nas novidades do segmento o investimento em novas embalagens, que representaram 48,1% do total de lançamentos em 2016. E se grandes companhias como a Coca-Cola continuam a marcar presença nesse mercado, também chama a atenção o avanço de marcas próprias de grandes redes varejistas nas gôndolas.
Segundo a análise setorial, “a expansão das marcas próprias tem o potencial de aumentar a penetração e a frequência de consumo de suco embalados entre os brasileiros, principalmente entre consumidores de baixa renda”.
Além de uma radiografia completa sobre o mercado brasileiros de sucos, o trabalho também apresenta números atualizados sobre a agroindústria da laranja no país, a mais importante do mundo.
As indústrias da área, lideradas pelas grandes empresas radicadas em São Paulo, respondem por 50% da produção global de suco de laranja, em suas formas concentrada (FCOJ, na sigla em inglês) ou pronta para beber (NFC), e dominam 80% das exportações. Ainda que tenham ampliado investimentos no mercado doméstico, as exportações ainda representam 98% da produção.
Segundo a análise, velhas vantagens competitivas da agroindústria brasileira da laranja continuam a fazer diferença: baixos custos de produção em razão do clima favorável e da mão de obra mais barata, terras férteis, boa produtividade dos pomares, grande escala e estrutura logísticas própria das grandes indústrias nos portos de embarque e desembarque de seus produtos conferem ao país condições quase imbatíveis de atuação.
Mas o comportamento da demanda global ainda é um fator que gera preocupação, já que a tendência de queda tem sido renovada ano após ano, apesar da curva ascendente em países emergentes como a China.
Fonte: Valor Econômico