“Precisamos trabalhar mais para que os investimentos cheguem ao agronegócio, precisamos avançar mais. Somos financiadores, sim, das grandes empresas, mas também atendemos aos pequenos e médios empresários de quaisquer setores.” A constatação foi feita pelo diretor Guilherme Lacerda, das áreas de Agropecuária, Inclusão Social, Infraestrutura Social e Meio Ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), durante almoço promovido pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
De acordo com ele, o papel do BNDES tem sido promover o desenvolvimento sustentável e competitivo da economia brasileira, com geração de empregos e redução das desigualdades sociais e regionais.
“Temos trabalhado para cumprir e levar adiante as decisões tomadas pelo Executivo (governo federal). O BNDES é, às vezes, menos conhecido, mas temos presença forte na agropecuária brasileira voltada para todos os quadrantes da agricultura. Somos a principal fonte de crédito de longo prazo, especialmente em relação ao crédito rural, além de ter foco no financiamento do investimento e o apoio a micro, pequenas, médias e grandes empresas.”
Para o diretor, o Brasil agrícola tem uma diversificação muito grande e para cada segmento é necessário buscar alternativas e, especialmente, taxas adequadas para a realidade de cada esfera da agropecuária.
“O Estado em si tem uma estrutura burocrática e complexa de modo geral. Por isso, é necessário fazer ajustes e não medir esforços para que os investimentos cheguem ao setor agropecuário, de forma mais rápida e direta”, salientou.
Em relação ao meio ambiente, Lacerda afirmou que o governo federal venceu “um debate difícil na Câmara e no Senado Federal relacionado ao Código Florestal”. “Agora, precisamos discutir a questão da água de forma mais ampla. Às vezes, a gente só se preocupa quando falta água em nossas casas.”
O diretor destacou a importância da criação do Plano Safra, ainda no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E também reforçou a importância de investir mais na construção de armazéns por meio do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA).
“Hoje, o Brasil sofre com a carência de armazéns. Houve melhora, mas está longe daquilo que precisamos desde a porteira até a exportação ou até chegar à mesa do consumidor.”
Lacerda considerou fundamental a parceria do BNDES com as cooperativas brasileiras, consideradas de suma importância para o agro no País. “Muitos agricultores estão reunidos em cooperativas que, por sua vez, alimentam o agro brasileiro.”
PESQUISAS
Sobre o setor de pesquisas, o superintendente da área de Agropecuária do banco, Marcelo Porteiro Cardoso, salientou diversos projetos realizados dentro do Plano Agrícola e para o desenvolvimento da genética nos setores de aquicultura, suínos, sementes, entre outros.
“Temos a preocupação em atender a todos os portes de empresas, até mesmo os microempreendedores individuais (MEIs) e os informais, por meio do microcrédito. Nossa intenção é nos aproximarmos ainda mais dos pequenos empresários, especialmente aqueles que lidam com o agronegócio no País”, disse o superintendente.
Em relação à suposta demora do banco no sentido de aprovar projetos e liberar crédito, Cardoso defendeu a existência e o atual trabalho de um comitê específico do banco estatal, que acompanha prazos, racionaliza processos e busca melhorar em relação à própria burocracia.
“Metade dos recursos do BNDES é repassada indiretamente. Em 90% das operações, o nosso tempo de resposta não passa de dois dias. O que precisa avaliar é como anda o processo depois que sai de nossas mãos”, ressaltou.
Presidente da Agência Estadual de Fomento do Rio de Janeiro (AgeRio), Domingos Vargas salientou que, muitas vezes, “a comunicação não chega à ponta” e atestou a facilidade firmar parcerias com o BNDES.
“Não temos tido problemas com a interloculação (entre a AgeRio e o banco estatal) com a nova gestão (da instituição financeira). O que percebemos é um esforço enorme, que está surtindo efeito. Hoje, o BNDES é maior que o Bird (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento), BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e Banco Mundial”, destacou Vargas.
O diretor do BNDES Guilherme Lacerda justifica esta integração maior com o agronegócio brasileiro. “Antes, a agropecuária era uma parte do BNDES, que estava solta. Hoje, integramos em uma diretoria só.”
ALGUNS PROGRAMAS QUE TÊM PARCERIA DO BANCO
Na apresentação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, repassada à imprensa, é citado como forma de interação com as políticas públicas: o Plano Safra do governo federal, executado por meio dos PAGFs (Programas Agropecuários do governo federal) e do Pronamp (Programa de Apoio ao Médio Produtor); Plano Safra da Agricultura Familiar, pelo Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf) e BNDES Fundo Social.
Também mencionou o Plano Safra Semiárido pelo BNDES Fundo Social, que apoia a implantação de cisternas no Semiárido e a disseminação de tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), citada por Guilherme Lacerda como uma das mais importantes parcerias do banco estatal.
Ainda relacionado à interação com as políticas públicas, o banco também atua junto ao Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, por meio do BNDES Social, com projetos associados à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); entre outros programas.
Dentro do apoio do BNDES ao setor agropecuário, Guilherme Lacerda também citou o Programa ABC para redução da emissão de gases de efeito estufa na agricultura. Os investimentos, individuais ou coletivos, oferecidos pelo banco estão relacionados com os objetivos do Programa, limitados a R$ 2 milhões por produtor.
Segundo a instituição financeira, o objetivo do Programa ABC é recuperar áreas e pastagens degradadas; implantar sistemas orgânicos de produção agropecuária; implantar e melhorar os sistemas de plantio direto “na palha”; implantar sistemas de integração lavoura-pecuária, lavoura-floresta, pecuária-floresta ou lavoura-pecuária-floresta; implantar, manter e fazer o manejo correto de florestas comerciais; além do tratamento de dejetos e resíduos, dentre outros.
Para o Plano Safra, foi ressaltado que o BNDES oferece crédito para aquisição de equipamentos e instalações para proteção de cultivos; serviços de agricultura de precisão; automação e adequação de instalações; programas de computadores para gestão, monitoramento ou automação; aquisição de material genético.
No Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), o BNDES oferece financiamento para investimentos individuais ou coletivos, vinculados ao objetivo do programa, referentes exclusivamente a projetos para ampliação e/ou construção de armazéns destinados à guarda de grãos, frutas, tubérculos, bulbos e hortaliças.
APOIO DA SNA AO SETOR AGROPECUÁRIO
Falando aos representantes de vários setores do agronegócio brasileiro, presentes durante o almoço na SNA, o ex-presidente do BNDES Márcio Fortes elogiou a postura de liderança adotada pela Sociedade Nacional de Agricultura.
“A SNA está sempre levando uma visão crítica da realidade do agronegócio do País e do mundo. Tem contribuído com o produtor rural, com aquele que trabalha todos os dias, que não sabe se é sábado ou domingo”, disse.
Ele ainda aproveitou para convidar a todos para conhecer a Escola Wencesláo Bello, no bairro da Penha, Rio de Janeiro, onde a SNA oferece cursos em diversas áreas, voltados para o setor agrícola em geral. “É um verdadeiro oásis urbano (a escola) dentro da cidade do Rio, que oferece uma extraordinária contribuição para a agropecuária brasileira e para produtores rurais em si.”
Presidente da SNA, Antônio Alvarenga novamente reforçou a importância do agro para a economia brasileira. “A economia nacional ainda está de pé graças ao homem do campo, que acorda cedo, que enfrenta diversos problemas, que tem de acompanhar os avanços tecnológicos, tem de lidar com a legislação que muda sempre, com os problemas climáticos, pragas e doenças (nas lavouras).”
Na opinião de Alvarenga, o BNDES também precisa socorrer o setor do etanol, que “vem sofrendo há tempos com o preço e agora tem sofrido com a seca”.
PRESENÇAS
Durante almoço na SNA, ainda estiveram presentes os diretores do Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Rio) Evandro Peçanha e Armando Clemente; o presidente da Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro, Antenor Barros Leal; o diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Antônio de Pádua Rodrigues, representando a presidente da entidade, Elizabeth Farina; Carlos Alberto Vianna Costa, chefe do Departamento de Suporte aos Programas Agropecuários do BNDES; entre outros.
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Por equipe SNA/RJ