Em sua primeira entrevista coletiva ao regressar da viagem à China, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, fez um balanço da visita ao maior parceiro comercial do Brasil e também de Mato Grosso e pontuou questões importantes em relação ao agronegócio mato-grossense.
Além disso, o ministro anunciou ainda parte da sua política à frente do Ministério, cargo que ocupa há pouco mais de um mês, inclusive o que será feito em relação à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“Eu não quero construir nenhum armazém pela Conab, o Estado é um péssimo gestor e não tem condições. Simplesmente tem de transferir para a iniciativa privada fazer isso e todos os armazéns que estiverem por aí, velhos e sucateados, eu quero trabalhar para que a gente possa vender todo esse patrimônio que a Conab ainda tem”, disse durante a coletiva.
Maggi explicou ainda que o dinheiro angariado, caso consiga levar adiante essa proposta, será revertido para um fundo de apoio para as próprias atividades do ministério. “Algumas atividades não têm orçamento, a exemplo dos fundos da Soja e do Algodão, como implantamos aqui em Mato Grosso. Fundos como esses lá no ministério facilitariam em muito a condução de muitos projetos e trabalhos em prol do agro nacional”.
Ainda em relação à Conab, Maggi declarou que novos leilões de milho estão sendo organizados, assim como a alteração do preço mínimo.
“O Brasil há cinco anos se tornou um grande produtor mundial. Em 2015 se produziu menos e se vendeu bastante. Já leiloamos 166.000 toneladas e virão outros leilões, mas acredito que com as colheitas de Mato Grosso e do Paraná em curso a pressão pelo cereal cairá. Bem como a pressão sobre os preços irão dar trégua como estão dando. A saca no Paraná, por exemplo, passou de R$ 54,00 para R$ 44,00/43,00 atualmente nas últimas semanas”, argumentou.
Questionado sobre a alta do feijão, o ministro explicou que o mercado ainda oscila bastante no Brasil: quando se tem uma safra muito boa, o produtor não tem remuneração, e isso o leva a reduzir a oferta no ciclo seguinte.
“Poucos mercados têm esse tipo de cultura e pouco se pode fazer estoques reguladores. É um ‘mercado da mão para boca’, não há muito o que fazer, pois em quatro ou cinco meses o feijão começa a perder as suas características e ninguém gosta de feijão velho. Acredito que em pouco tempo logo em Mato Grosso tem início a colheita da safrinha e acredito que a pressão também deverá cessar, e em breve o mercado se autorregulará”.
Novos mercados
O ministro lembrou que o Brasil exporta atualmente para mais de 180 países e que hoje a China é o maior consumidor das commodities agrícolas. Dos US$ 6.89 bilhões faturados pela pauta mato-grossense até maio, US$ 2.55 bilhões vieram de negociações com os chineses, que permanecem sendo os maiores parceiros comerciais do Estado.
Com esse volume de negócios, a China participa com 33,99% do total da receita. O consumo realizado pelo país até o momento é 41,16% maior do que o contabilizado em igual momento de 2015.
Diante desse número, Maggi ressalta como aquele mercado é importante e é fundamental entender o porquê das exigências fitossanitárias exigidas, no caso de frutas, grãos e carnes.
“As exigências fitossanitárias são muitas e sem estar à frente do ministério, como estou agora, a gente não consegue entender o porquê disso tudo muito bem. É no comercio exterior onde o Brasil faz boa parte de seu PIB e da sua Balança Comercial. Exportar não é só produzir”, afirmou.
O ministro destacou ainda que participou de oito reuniões bilaterais e que deixou claro que o país está pronto para produzir.
“É o único setor da economia que pode responder de imediato à crise econômica. Mas não estamos apegados e atrelados a um único mercado, por mais que ele seja a China. Atuamos em busca de novos mercados, não podemos ficar na mão de apenas um mercado. Em agosto e setembro estamos tentando marcar encontro na Coreia do Sul, Myanmar e Vietnã, junto aos países do sudoeste asiático, com grande potencial de consumo”.
MT
Em relação às questões que estão interferindo pontualmente na dinâmica do agronegócio local, como a greve dos fiscais do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea/MT) – que exigem o pagamento integral da Revisão Geral Anual (RGA) por parte do governo do Estado – que está retendo abates e o trânsito de animais pela falta de emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA), o ministro foi taxativo ao expor sua preocupação.
Como explicou, essa retenção aumenta a vulnerabilidade sanitária dos rebanhos com as superpopulações que se concentram em rebanhos, granjas e fazendas e frigoríficos. “As exportações estão justamente vinculadas à sanidade. É um setor muito sensível. Superpopulação pode fazer surgirem doenças e sem as GTAs os produtores se veem obrigados a postergar o cumprimento de contratos. Qualquer uma das situações não é nada positiva ao setor”.
Fonte: Agrolink