Além de ser uma fonte de energia mais limpa, o biodiesel vem se mostrando também mais barato em relação ao diesel fóssil comercializado no Brasil. O óleo diesel é o combustível mais usado no País e seu valor impacta na inflação e nos preços das passagens de ônibus.
Desde 1° de novembro de 2014, todo o diesel terrestre comercializado no Brasil contém 7% de biodiesel (B7), em cumprimento à Lei 13.033, que torna obrigatória a mistura. Considerando o preço final do combustível nos estados brasileiros, a Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene) calcula que seria mais vantajoso o uso de teores maiores de biocombustível, tendo em vista a diferença de preços.
“Uma vez que o biodiesel é mais barato que o diesel, se a gente pudesse aumentar a participação que hoje é 7% para 10, ou 20% no diesel, a gente teria um B20 mais barato que o B7”, explica Donizete Tokarski, diretor superintendente da entidade.
Para dar uma ideia de quanto seria mais barato abastecer com B20, a Ubrabio faz uma estimativa, considerando o preço do diesel nas unidades da federação e o preço médio do biodiesel adquirido pela Petrobras no leilão realizado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis) para abastecer o mercado nacional nos meses de março e abril.
Em regiões produtoras de biodiesel, como o Sul e o Centro-Oeste, considerando a margem Petrobrás (R$ 0,02/litro) e margem estimada da distribuição (R$ 0,05/litro), o óleo diesel comercializado pelas distribuidoras ficaria cerca de R$ 0,09 mais barato com uma mistura B20.
Tokarski também lembra que, de acordo com estimativa da ANP, a dependência brasileira de diesel fóssil importado, atualmente em 11 bilhões de litros ao ano, deve dobrar até 2025, em razão do abandono dos projetos de construção das duas refinarias brasileiras (Premium I e II – Maranhão e Ceará) pela Petrobras e considerando um crescimento no consumo de diesel da ordem de 5% ao ano.
Para aliviar essa conta, a Ubrabio defendeu, em reunião com o novo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, em janeiro deste ano, um novo Marco Regulatório para o setor, garantindo novos usos para o biodiesel, com projetos como o B20 Metropolitano, que propõe abastecer os ônibus do transporte público das grandes cidades brasileiras com a mistura de 20% do biocombustível.
No próximo dia 21 de maio, a Ubrabio, em parceria com a Embrapa Agroenergia, realiza em Brasília o “Seminário B20 Metropolitano – Mobilidade Sustentável para as Cidades Brasileiras”, para sensibilizar os prefeitos dos 40 municípios com mais de 500 mil habitantes quanto aos benefícios econômicos, sociais e ambientais do uso da mistura de 20% de biodiesel no diesel fóssil (B20) que abastece a frota urbana de ônibus.
Combustível que vem do campo
O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel – PNPB é exemplo global em inclusão produtiva e tem como um dos pilares o fortalecimento da agricultura familiar. Por meio do Selo Combustível Social, os agricultores têm acesso a assistência técnica e capacitação. A medida também garante a aquisição prioritária de matérias-primas da agricultura familiar para a produção do biodiesel.
Garantia para o B20
Especialistas afirmam que, em principio, todos os veículos movidos a diesel estão aptos a receber B20 sem necessidade de uma adaptação específica. Além disso, cerca de 80% das montadoras e fabricantes de sistemas a diesel, como a General Motors, Volkswagen, Mercedes-Benz e Bosch, dão garantia para o uso de B20 no Brasil e nos EUA.
Fonte: Embrapa