O Portal SNA conversou com Lucas de Oliveira e Silva, responsável pela área jurídica da Divisão de Soluções para Agricultura da BASF. A empresa, com presença centenária no Brasil e uma das principais fornecedoras de insumos, tecnologia e soluções para o agronegócio nacional, acaba de ser premiada pelas suas boas práticas em termos de sustentabilidade. Trata-se do Selo Mais Integridade, outorgado pelo Ministério da Agricultura.
Na entrevista, Lucas conversou sobre esse e outros assuntos, tais como o desafio de acompanhar o crescimento do setor no país, os novos produtos e serviços que a empresa vem desenvolvendo para atender aos produtores, além do compromisso com os novos regulamentos e diálogo com parceiros e autoridades.
Lucas é Formado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pós Graduado em Direito Empresarial pela FGV, com MBA em Liderança, Gestão de Equipes e Produtividade pela PUCRS. Atua junto ao agronegócio há mais de 15 anos, tendo passado por outras multinacionais do setor durante este período, estando na BASF há 3 anos.
Sobre a importância das novas diretrizes que norteiam a atuação de empresas do porte da BASF, o Diretor Jurídico da SNA, Frederico Price Grechi, disse ao Portal: “A empresa responsável e sustentável é a pedra angular do capitalismo humanista, baseado nas boas práticas competitivas e de governança numa economia verde e orientada pelos princípios do comércio justo (fair trade). Tais práticas promovem de forma adequada e eficiente a proteção ambiental e a inclusão social, bem como representam um importante mecanismo facilitador das relações do comércio internacional”. É o caso da BASF ao receber o Selo de Integridade MAPA.
Confira a entrevista:
SNA: A BASF acaba de ser premiada com o Selo Mais Integridade do Ministério da Agricultura, destinado a grupos que adotam e estimulam as boas práticas de sustentabilidade ambiental. Diante da presença centenária da empresa no Brasil, o que isso representa na perspectiva de quem acompanhou sucessivos ciclos agrícolas e econômicos no país?
Lucas: Para a BASF, o Selo mais Integridade reconhece os esforços para o cumprimento das melhores práticas para a agricultura, o meio ambiente e a sociedade. A renovação do nosso certificado com a conquista do Selo Amarelo é um incentivo a desenvolver boas práticas e serve de exemplo para que mais empresas possam aderir a uma melhor governança, que beneficia todo o mercado e a sociedade.
Estamos no Brasil há mais de 110 anos, e a adoção de ações cada vez mais éticas e responsáveis faz parte da rotina da empresa. Este selo valoriza as empresas que contribuem para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro e confirma que estamos no caminho certo. Para alcançar este resultado, temos um grande trabalho em equipe e comprometimento de todos dentro da companhia.
SNA: A BASF, por sua capilaridade e portfólio de produtos e serviços, desempenhou papel determinante como fornecedora dos agricultores brasileiros. Nesse longo período, o país ascendeu dos grandes e isolados latifúndios com monoculturas até o posto de principal produtor e exportador de gêneros alimentícios do mundo. Quais aspectos dessa trajetória o senhor considera singulares, mesmo diante de tantos outros países atendidos pela empresa?
Lucas: A produtividade do agronegócio brasileiro vem crescendo. Desenvolvemos aqui um sistema produtivo no ambiente tropical, extremamente eficiente, com mais de duas safras por ano, altamente produtivo e intenso – e isso colocou o Brasil em uma posição estratégica.
Sem dúvida, o agricultor brasileiro é um dos mais abertos à adesão de novas tecnologias no mundo. Já somos referência em adoções de várias práticas agrícolas sustentáveis, como plantio direto, culturas de cobertura, formação e cuidado do perfil de solo, e estamos avançando em outras frentes importantes. Neste contexto, entendemos que nosso papel é estar próximo dos agricultores e de toda cadeia.
Nos últimos anos, a BASF tem se destacado ao desenvolver de maneira contínua novos fungicidas, adaptados às necessidades dos agricultores brasileiros, demonstrando sua capacidade de oferecer alternativas para o combate de doenças na soja e em outros cultivos, com a solução mais eficiente para cada desafio do agricultor. Somos os pioneiros na utilização da estrobirulina no mercado brasileiro, assim como no lançamento de um carboxamida para o manejo de doenças da soja e no posicionamento de fungicidas para o estágio vegetativo da planta. Além disso, atenta aos desafios de manejo de doenças e antecipando tendências, a BASF foi a primeira empresa a aderir aos fungicidas multissitios no seu manejo, hoje amplamente utilizados e com a adoção em crescimento.
Dois grandes lançamentos recentes são os fungicidas Belyan® e Keyra® no Brasil. As soluções contam com o ingrediente ativo Revysol®, que é um produto do grupo químico do triazóis, com modo de ação inteiramente novo e exclusivo.Nos próximos anos, novas soluções à base de Revysol devem complementar o manejo de doenças em cultivos na região.
SNA: A adoção do tripé ESG representa a fronteira de uma nova prática agrícola, que preconiza o uso de fontes limpas e renováveis de energia, consciência do impacto social e ética na governança interna das empresas. De que modo a BASF pode ajudar pequenos e médios produtores nesse desafio, que muitas vezes é debatido no âmbito dos grandes conglomerados?
Lucas: A BASF tem a meta de levar ao mercado um portfólio de produtos voltado para uma agricultura cada vez mais eficiente e sustentável. Toda a cadeia produtiva está preocupada com o futuro da produção de alimentos e, unida por um futuro cada vez mais sustentável, tem como prioridade mitigar desafios logísticos, climáticos e produtivos no geral, para poder continuar contribuindo com este que é o maior trabalho da Terra.
Por isso, procuramos estar sempre próximos dos agricultores, entendendo suas demandas, para que possamos levar ao campo as tecnologias mais adaptadas às suas necessidades, apresentando novas alternativas para proporcionar um manejo ainda mais sustentável na agricultura.
O investimento em inovação e desenvolvimento de novas tecnologias para resolver as dores dos agricultores tem papel fundamental no crescimento do mercado como um todo. Acreditamos que as novas soluções químicas e biológicas, aliadas à agricultura digital e biotecnologia, são grande parte da resposta ao desafio de alimentar o mundo de maneira mais produtiva, rentável e sustentável tanto para o produtor, quanto para a sociedade.
Neste sentido, a BASF investe globalmente cerca de 900 milhões de euros por ano em pesquisa e desenvolvimento, o que nos permite oferecer aos agricultores soluções realmente eficazes e adaptadas às necessidades do agro brasileiro, com foco em ganho de eficiência e aumento de produtividade, sempre aliada à sustentabilidade. O portfólio global de BioSolutions da companhia inclui mais de 45 produtos. Na América Latina, o portfólio diversificado tem mais de 20 produtos da categoria, entre bionematicidas, biofungicidas, nematicidas biológicos, inoculantes, feromônios e extratos vegetais.
Além disso, temos apoiado agricultores com as ferramentas digitais do xarvio®, marca global de agricultura digital da BASF, para que possam expandir seus negócios com rentabilidade e, ao mesmo tempo, reduzir o impacto ambiental. A adoção de tecnologias digitais permite que os agricultores produzam mais com menos recursos, tornando os processos mais eficientes do campo até à mesa do consumidor.
Ainda sobre ESG, a BASF tem demonstrado cada vez mais sua preocupação com os direitos humanos e com as boas práticas trabalhistas no campo. Temos promovido inúmeros treinamentos junto aos nossos multiplicadores de sementes, levando conscientização acerca da legislação brasileira e dos nossos valores de conduta empresarial. Sabemos do nosso papel e buscamos exercê-los da melhor forma possível.
SNA: O novo cinturão tropical agrícola, que incluiria o Brasil e outros países de pujança no setor, é uma realidade, em sua opinião? Quais as vantagens que o país ainda possui quando comparado aos seus principais concorrentes no mercado internacional?
Como comentei, o Brasil é uma potência agrícola, sendo o principal produtor mundial de diversas commodities, com muitas vantagens competitivas que o destacam, como recursos naturais abundantes, tecnologia de ponta, diversificação econômica, infraestrutura portuária, mercado interno desenvolvido e muitos outros aspectos. No entanto, acreditamos o que realmente faz a diferença é o amor dos brasileiros pela agricultura e pelo legado familiar.
A ligação com a terra é algo que passa de geração em geração no país, e muitas famílias brasileiras têm uma história rica de envolvimento com a agricultura, desde pequenas propriedades familiares até grandes fazendas. A produção agrícola no Brasil não é apenas uma atividade econômica, mas também uma paixão e um estilo de vida. As tradições e técnicas são frequentemente passadas de pais para filhos, criando um legado familiar duradouro. Este amor pela terra e pela produção agrícola está enraizado na cultura brasileira, e fazer parte desta história é motivo de muito orgulho para a BASF.
SNA: Como empresas privadas de tanto sucesso, dimensão e liderança podem dialogar com os entes públicos e membros da sociedade civil para contornar eventuais obstáculos e fomentar a produção e a prosperidade, respeitando nuances culturais e arranjos políticos? Nesse sentido, quais circunstâncias são mais desafiadoras, no Brasil?
Lucas: A BASF acredita no Brasil e realiza investimentos no país há mais de 110 anos, colaborando com os governos e com a sociedade civil de maneira ética, transparente e construtiva – como parte do nosso compromisso em desenvolver soluções sustentáveis em conjunto com os parceiros. Essa troca ajuda a entender tendências e antecipar expectativas e desenvolvimentos regulatórios, bem como defender e comunicar os pontos de vista. Estamos sempre em diálogo com todos os stakeholders na busca por um caminho de entendimento, acreditando que é possível o trabalho conjunto para a cocriação de soluções que resolvam as dores do agronegócio brasileiro e as necessidades da sociedade como um todo.
Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb 13.9290) marcelosa@sna.agr.br