Baixo estoque pode elevar preço de cereais

O Brasil vai viver um período de estoques baixos de grãos neste ano. Cenário favorável para exportações e queda na produção foram determinantes para a situação.

O país já vinha com uma situação difícil na oferta de produtos, principalmente os básicos, mas os dados mais recentes da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam quadro pior.

Um dos cenários mais complicados é o do arroz. O país entrou na safra 2015/16 com 686 mil toneladas de produto e deve chegar ao fim de fevereiro de 2017 com apenas 226 mil toneladas.

Se essa estimativa da Conab se confirmar, o volume desse cereal dará para só sete dias de abastecimento.

Só importação e exportação poderão mudar esse quadro, uma vez que a safra, praticamente definida, recuará para 11,2 milhões de toneladas neste ano. Além disso, o país aprendeu a exportar arroz nos últimos anos, e os volumes sempre superam 1 milhão de toneladas por ano.

Não há perigo de falta de produto, mas poderá haver alta de preços. Dependendo dos valores praticados internamente, as exportações serão menores, compensando essa redução de oferta.

A previsão de estoques finais para o arroz na safra 2015/16 é 85% inferior à média dos cinco anos anteriores.

Outro produto que chega ao fim de safra com estoques baixos é o feijão. O volume será suficiente para apenas dez dias de consumo. Nesse caso, no entanto, a escassez de produto aumenta preços e o produtor poderá ampliar a área plantada na terceira safra, elevando a oferta.

Nos cálculos da Conab, o país terá apenas 93 mil toneladas de feijão no fim deste ano. Esse estoque de passagem de um ano para outro é 71% inferior à média dos cinco anos anteriores.

Os estoques finais de trigo também serão baixos. O país chega ao fim de julho com um volume suficiente para 28 dias. O volume é 59% inferior ao dos cinco anos anteriores.

No caso do cereal, a oferta poderá ser complicada ainda mais pela esperada redução de área de 11% no Paraná, principal produtor brasileiro. Mas poderá também ser compensada por uma produtividade maior, devido ao fenômeno climático La Niña, que reduz as chuvas no período de produção e colheita de trigo.

Os estoques finais de milho também saem do padrão dos anos recentes. A Conab prevê que, no fim de safra, em fevereiro, os estoques estejam em 7,4 milhões de toneladas, 23% menos do que nos três anos anteriores.

A escassez na oferta já obriga as empresas a importar o cereal. Uma das causas dessa queda na oferta é a exportação de 30 milhões de toneladas em 2015, volume que se repete neste ano.

 

 

Fonte: Folha de S. Paulo

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