Bactérias causadoras da mastite caprina estão preocupando e desafiando criadores de rebanhos. A inflação está apresentando resistência aos antibióticos mais utilizados contra a doença. A constatação é de um estudo da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE).
Testes com microrganismos isolados mostraram, em alguns casos, resistência de até 100% para alguns medicamentos, o que pode ser causado pela aplicação indiscriminada dos antibióticos.
“Essa resistência pode estar associada à administração indiscriminada de antibióticos, sem a prescrição de um médico veterinário, proporcionando com isso a resistência a drogas antibacterianas”, alerta a médica-veterinária Viviane de Souza, pesquisadora da Embrapa e integrante da equipe que conduziu os testes com o rebanho.
Ela acredita que o êxito na terapia das mastites vem sendo prejudicado pelo crescente número de cepas resistentes. No estudo, foram isoladas cepas da bactéria Staphylococcus aureus, uma das principais causadoras da mastite, obtidas a partir de 160 amostras de leite de cabras com mastite subclínica, que é a manifestação da doença com alterações na composição do leite.
Ela só pode ser diagnosticada pela utilização de testes auxiliares, pois alguns dos principais sintomas não são visíveis a olho nu. O material foi coletado de 40 cabras das raças Saanen e Anglo Nubiana do rebanho da Embrapa Caprinos e Ovinos.
Prevenção
Na avaliação da pesquisadora, as dificuldades no controle e tratamento da mastite, a partir de uma realidade maior de resistência dos agentes causadores, preocupam o setor produtivo, principalmente porque há perda de qualidade do leite nas cabras com mastite e a possibilidade de contaminação para consumo humano, o que pode acontecer inclusive durante períodos de tratamento, quando o leite não deve ser aproveitado. “Os laticínios remuneram produtores pela qualidade. Esse mercado penaliza quem não produz leite com as características desejadas”, afirma a cientista.
Uma vez que a aplicação indiscriminada de antibióticos pode resultar em resistência e ineficácia de tratamentos, reforça-se a necessidade de prevenção contra a doença por meio das boas práticas na ordenha e na produção leiteira. Uma má higienização pode ser fator causador do surgimento da mastite, seja no uso de ordenha manual ou de ordenha mecânica.
“Pode haver transmissão de um animal para outro durante o processo da ordenha. Por isso, o ordenhador deve ficar atento à limpeza das mãos, das unhas, do cabelo. Usar solução de iodo a 0,5% para limpeza das tetas e secá-las com um papel toalha para cada teta. Se a ordenha for mecânica, o produtor deve higienizar o equipamento segundo as recomendações do fabricante”, recomenda Viviane de Souza.