Autor do best-seller “Global Class” vê potencial brasileiro no segmento de inovação

Aaron Mcdaniel, autor do livro “Global Class”, palestra no evento de lançamento do SNASH, SNA Startup Hub.

O americano Aaron Mcdaniel, autor do livro “Global Class” escrito em co-autoria com Klaus Wehage, best-seller do Wall Street Journal, e que criou uma ferramenta para transformar a necessidade de escala de negócios em ação real e viável tanto para grandes empresas como para pequenas e médias empresas, palestrou no segundo painel da SNASH. Em sua passagem no Brasil onde esteve em São Paulo e no Rio de Janeiro, o autor concluiu: “Eu acho que há tanta inovação que o Brasil pode trazer que não irá resolver problemas apenas para o Brasil, mas problemas em todo o mundo.” Segue abaixo a transcrição do discurso na sede da Sociedade Nacional de Agricultura.

“Obrigado, gostaria de agradecer, primeiramente ao Leonardo e a Silvia, por estar aqui hoje e também a Gabriela pela apresentação. Eu mesmo fui um empreendedor, com muitos erros e alguns acertos, também tive uns momentos divertidos no programa americano de televisão, Shark Tank, acredito que conheçam. Eu e meu parceiro de negócios trabalhamos com empresas do mundo todo que estejam interessadas em expandir para novos mercados e a se conectar com o Vale do Silício, que é o lugar de onde eu venho.

Durante a pandemia, quando estávamos todos em casa, decidimos buscar por pessoas que lideraram expansão global das empresas que mais crescem no mundo. Basicamente descobrimos que todas elas estavam perdendo muito tempo e muito dinheiro fazendo coisas erradas e que não havia um manual de como ser bem-sucedido. Então decidimos fazer esse manual. E é isso que realmente queremos compartilhar com empreendedores de todo o mundo.

Há oportunidades para empresas brasileiras mais globais. Não empresas apenas no Brasil, mas empresas que realmente podem ter um impacto em todo o mundo. E o Brasil é um mercado importante para nós. Eu gostaria muito de conhecer mais sobre esse ecossistema.

Esta semana eu estive em São Paulo onde tive a chance de falar e, depois, palestrei também na Rio Innovation Week e foi realmente incrível ouvir alguns empresários do Brasil que vieram falar comigo, ter uma chance para percorrer as exposições e conversar com diferentes líderes empresariais e empreendedores que estão trabalhando em coisas muito interessantes.

Eu acho que há tanta inovação que o Brasil pode trazer que não irá resolver problemas apenas para o Brasil, mas problemas em todo o mundo. Eu me lembro de uma coisa que o ministro falou aqui anteriormente, – minha equipe estava me ajudando a traduzir porque eu não entendo o português -, mas ele estava falando sobre como um dos grandes desafios é educar as pessoas.

Uma coisa que descobrimos é que havia um certo tipo de pessoa que era o catalisador para uma inovação e o crescimento bem-sucedidos com essas empresas. Usamos a palavra empreendedor para descrevê-los, porque eles não são apenas ágeis e inovadores, mas também têm uma mentalidade cultural de empatia, de entender outros mercados, localizar seus negócios e ajudar a resolver problemas lá. Acredito que é aí que há tantas oportunidades não apenas de resolver problemas de desafios no Brasil, mas realmente levar essa escala àqueles em todo o mundo que precisam. Isso é o que é realmente emocionante para mim: o conceito de inovação bidirecional.

Inovação não é apenas algo que os chefes, a liderança e os fundadores dizem a todos para fazer, mas é algo que as empresas realmente bem-sucedidas conseguem que todos na organização façam. Que sejam inovadores e tenham o que chamamos de ciclos de feedback, onde alguém no campo, às vezes literalmente em relação à agricultura, encontra uma inovação. Eles têm uma maneira de compartilhar isso com o restante da empresa para beneficiar não apenas sua pequena área de atuação, mas muitos lugares, toda a empresa.

Uma das histórias que me lembro da pesquisa que fizemos é com uma empresa chamada Evernote. Havia um empresário que fazia parte dessa empresa que estava ajudando a lançar o negócio na Índia. E geralmente as empresas de tecnologia pensam em anúncios on-line, como mecanismos de pesquisa ou anúncios de mídia social no Instagram. Mas ele estava percebendo, enquanto eles estavam alocando o distrito financeiro de uma das cidades da Índia, que havia pessoas que seguravam essas pranchas grandes acima de suas cabeças com um monte de potinhos nelas. Ele ficou curioso, conversou com seus colegas locais e perguntou: o que é isso? Explicaram que são pessoas que entregam almoço para diversos profissionais: médicos, advogados e contadores e outros que trabalham na área que seriam o mercado-alvo no qual eles – empresa – iriam focar quando se lançassem no mercado. Aí ele pensou: e se colocássemos panfletos lá para que eles pudessem aprender sobre o Evernote enquanto almoçassem? Às vezes não precisam ser grandes coisas de tecnologia, inovações simples podem ajudar as pessoas.

Hoje cedo eu estava conversando com Filipe, integrante de uma das empresas que está no SNASH, sobre como você faz pontos com dados simples que podem ter um impacto tão grande na produção geral de todo país. E isso é outra coisa que realmente me deixa animado. Mas uma coisa que provavelmente foi a mais fascinante de toda a pesquisa que fizemos, centenas e centenas e centenas de horas, não foi apenas o que as pessoas nos disseram, mas algo que elas não disseram. Conversando com todas essas pessoas, havia uma palavra que ninguém nunca disse, nem mesmo uma vez – Estrangeiro.

Pode parecer uma coisa pequena, mas quando você pensa sobre isso, pessoas inovadoras e de mente global não usam a palavra ESTRANGEIRO. E isso é muito poderoso porque a palavra estrangeiro nos separa. Somos nós contra eles, bons contra maus. Isso é diferente. Quando você tem essa mentalidade cultural inovadora diferente, você tem a oportunidade de primeiro buscar aprender e entender. Então, obrigado novamente pela oportunidade. Estamos muito animados com tudo que está acontecendo internacionalmente e animados em sabermos mais sobre o ecossistema brasileiro e encontrarmos formas de apoiar também”.

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