A automação das atividades agrícolas e a mecanização das lavouras têm atraído cada vez mais o público jovem para o campo. Com perfil empreendedor e dinâmico, o jovem tem contribuído para a modernização da produção agropecuária nacional.
O surgimento da Internet das Coisas e das plataformas de serviços em nuvem, por exemplo, tem despertado o interesse de novos profissionais especializados no desenvolvimento de softwares para o agronegócio. Eles ganham destaque em startups e projetos voltados para atividades agropecuárias.
Em relação ao público jovem no meio rural, esse movimento, segundo o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Fernando Pimentel, “terá um efeito importante na sucessão familiar nas propriedades, com maior retenção desses jovens no campo, o que hoje é um desafio para os pais produtores”.
O diretor da SNA considera esse processo “relativamente lento, mas consistente”.
“No campo, os jovens produtores rurais e os herdeiros de produtores acompanham as mudanças que incluem desde o desenvolvimento de drones ao sensoriamento em máquinas agrícolas, como tendência interessante em uma nova gestão da produção”, reconhece Pimentel.
Adequação
“Contar com a criatividade e o frescor dos jovens é um ponto muito importante para a atualização e o desenvolvimento do agro, que passa por um momento de adequação, tendo em vista o desenvolvimento de ferramentas cada vez mais tecnológicas que auxiliam nas tomadas de decisões e na geração de melhores resultados”, destaca Renata Camargo, show manager do Youth Agribusiness Movement International (YAMI), primeiro congresso para jovens do agronegócio que será realizado em outubro, em São Paulo.
Demanda
Os indicadores do mercado de trabalho apontam que existe uma demanda crescente por profissionais que entendam o agronegócio e compreendam a importância da atividade para a economia nacional, incluindo os pontos técnicos da profissão, considerados fundamentais para o profissional que pretende seguir nessa área.
De acordo com o diretor da SNA, “a redução da distância entre o campo e o mundo tecnológico vai contribuir para reter esses novos profissionais numa atividade que, no passado, vivia um processo lento de inovações”.
Hoje em dia, essas inovações, segundo Pimentel, são impulsionadas pela necessidade de otimização de recursos humanos e materiais. “O mercado exige, para quem está na produção, uma visão mais ampla na adoção de novas tecnologias, e para quem está desenvolvendo soluções tecnológicas, mente inovadora e entendimento dos processos”.
Retorno
O diretor da SNA afirma que, atualmente, a modernização do campo é mais visível na operação de grandes culturas, como soja, milho e algodão, e na pecuária intensiva. “São processos que envolvem risco e altos valores de produção onde a automação dos processos oferece retorno econômico no curto prazo”, destaca.
Estatísticas
Dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o percentual de jovens que vivem no campo se manteve relativamente estável de 2001 a 2015.
Segundo o levantamento do IBGE, em 2015 havia no meio rural cerca de 7,1 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos, o que correspondia a 14,7% da população total de jovens do país. Em 2001, o percentual de jovens no campo era pouco mais de 15%. Em 2005, a taxa subiu para quase 17%. Nos anos seguintes, o percentual oscilou entre 16% a pouco menos de 15%.
Além disso, de acordo com o instituto, a maior parte dos residentes e trabalhadores do campo ainda são pessoas com mais idade.
O Censo Agropecuário de 2017 revela que entre os mais de 15 milhões de produtores ocupados, apenas 5% têm menos de 30 anos. O levantamento também aponta que 73% do pessoal ocupado no campo tem relação de parentesco com o produtor.
Equipe SNA