Aumento de exportações de soja consolidam parceria comercial entre Brasil e China

A China será destino de 85% das exportações brasileiras de soja in natura na safra 2019/2020. Segundo a edição de abril do boletim Estimativa de Safra, da Aprosoja Brasil, divulgada dia no último dia 14, das 120 milhões de toneladas de soja que o Brasil deve produzir nesta safra, 77 milhões de toneladas serão direcionadas para a exportação, sendo 66 milhões de toneladas para os chineses.

Os números reforçam a importância da parceria comercial entre os dois países e mostram sinais de aquecimento do mercado de grãos em meio à pandemia.

O boletim consultou dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio (Secex) e da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), bem como do mercado, e aponta que o Brasil exportou para a China 60 milhões de toneladas em 2019 contra 66 milhões de toneladas em 2018.

O País bateu novo recorde de exportação em março (13.3 milhões de toneladas contra 12.3 milhões de toneladas em maio de 2018) e já exportou 35 milhões de toneladas neste ano. Cerca de 60% da safra 2019/20 já foi comercializada e mais de 30% da safra 2020/21, esta última a maior parte para a China.

A China importou 82 milhões de toneladas de soja in natura em 2019 em todo o mundo e deve importar 85 milhões de toneladas em 2020.

Com a superação da epidemia do Covid-19 e da Peste Suína Africana, que reduziu rebanhos suínos chineses, o país segue importando soja e carnes no mercado internacional e deve retomar a produção interna de proteína animal, elevando o consumo de soja.

“Tudo indica que os problemas internos serão resolvidos e o país tornará a importar 90 milhões de toneladas de soja em grão. Portanto, se por um lado existe uma crise ocasionada pela pandemia do vírus chinês, por outro a China terá papel essencial na recuperação da economia brasileira, e no caso da soja, já está fazendo a diferença”, disse o presidente da entidade, Bartolomeu Braz.

Já as exportações totais de farelo devem registrar 16.9 milhões de toneladas (contra as 16.6 milhões de toneladas em 2019) e as de óleo 900.000 toneladas (contra 1.03 milhão de toneladas de 2019), totalizando 94.8 milhões de toneladas, somadas as de grão. Ainda assim, a China representaria 62% das exportações do complexo soja brasileiro, que tem sido a média dos últimos cinco anos.

Guerra comercial EUA/China

A Fase 1 do acordo comercial entre China e Estados Unidos trouxe estabilidade para o mercado, mas não garante importações de soja dos EUA por parte da China, que, segundo as autoridades chinesas, comprará de acordo com o preço e a disponibilidade. Há perspectiva de compras a partir do segundo semestre, com a entrada da safra norte-americana no mercado. Por enquanto, porém, só compras pequenas e pontuais.

Na avaliação de Braz, a assinatura do acordo comercial não preocupa a entidade. Segundo ele, a soja brasileira é mais barata devido ao maior teor de óleo e proteína e do câmbio em comparação com grãos produzidos nos Estados Unidos e na Argentina, sendo fortes atrativos para os chineses.

“A soja brasileira é mais competitiva que a dos concorrentes diretos. É um produto de qualidade superior e de melhor custo benefício para a produção de proteína animal. Não existe, atualmente, outra proteína mais acessível e competitiva do que a soja brasileira”, disse o presidente da Aprosoja Brasil.

Sobre a soja brasileira

Mais de 243.000 produtores vivem da cultura da soja no país e geram 1.4 milhões de empregos diretos e outros milhões de forma indireta e induzida, sendo responsáveis por boa parte da arrecadação de impostos dos 2.000 municípios do interior em que o grão é cultivado.

Segundo dados das Nações Unidas, nos municípios em que a soja passou a ser cultivada, a qualidade de vida das pessoas melhorou. Em 1991, cerca de 79% dos municípios rurais apresentavam Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo e 20% deles muito baixo. Em 2018, cerca de 57% dos municípios rurais passaram a apresentar IDH alto e 38% deles IDH médio.

A soja é o principal produto exportado pelo Brasil. US$ 14,00 de cada US$ 100,00 exportados são oriundos da soja. A oleaginosa é responsável por boa parte do superávit de US$ 48 bilhões de 2019 e dos mais de US$ 300 bilhões acumulados nos últimos anos em reservas cambiais pelo Brasil.

 

Aprosoja Brasil

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp