Aumento de área para a produção de café não é a solução para abastecimento. Por Silas Brasileiro

Foto/arquivo Istock pelo CNC

É evidente que a condição econômica mundial, especialmente entre os grandes consumidores, como o mercado europeu e os Estados Unidos, está sendo profundamente afetada pelas crises resultantes do envolvimento em guerras, seja na Ucrânia ou no Oriente Médio. O alto investimento em apoio a essas agressividades, que não condizem com um mundo moderno, busca manter a expansão e o controle de perdas de fronteiras, levando a combates que causam um alto impacto na economia das grandes potências, com consequências dramáticas na vida das comunidades.

Em condições normais, o consumo mundial de café poderia alcançar um crescimento de 1,5% a 2%. Contudo, na condição atual, não há a menor possibilidade de isso acontecer, a não ser a expansão de novos mercados que poderá manter o consumo no ritmo de crescimento atual.

Devemos considerar que, em uma condição climática normal, é fácil o Brasil colher uma safra acima de 70 milhões de sacas em 2024/2025, considerando uma área produtiva de 2.225 milhões de hectares e uma média de 35 sacas por hectare. No entanto, em 2021, 2022 e 2023, tivemos três anos de safras comprometidas devido à seca prolongada, granizo e geada, produzindo uma média de 60 milhões de sacas. Além do mais, temos um estoque de passagem suficiente para abastecimento das exportações e do mercado interno.

Lêdo engano de quem acredita que a abertura de novas áreas para a produção, baseado na suposta escassez de café, é a solução. Essa decisão deve ser tomada com muito cuidado e compromisso. Todos sabem que os bons preços praticados no mercado atualmente são consequência do equilíbrio entre oferta e demanda.

Portanto, como um dever, o Conselho Nacional do Café (CNC) alerta aos produtores que, antes de aumentarem suas áreas de cultivo, invistam em suas lavouras e na qualidade do produto, tornando-as mais rentáveis.

Silas Brasileiro – Presidente do Conselho Nacional do Café (CNC)
Em parceria com a redação da SNA
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